A semana de quatro dias de trabalho tem vindo a ganhar terreno em vários países europeus, com experiências que mostram melhorias na produtividade e no bem-estar dos trabalhadores. Agora, os Açores preparam-se para fazer história no mundo laboral português: a partir de 1 de janeiro de 2026, vai arrancar o projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho na administração pública regional.
A medida, que será testada durante seis meses, promete equilibrar melhor a vida profissional e pessoal, sem comprometer a produtividade.
De acordo com o jornal Diário de Notícias da Madeira, a seleção dos serviços e trabalhadores envolvidos será feita em novembro, e o modelo baseia-se num acordo entre o funcionário e o dirigente.
Segundo o presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, o objetivo é “melhorar a conciliação entre a vida profissional, pessoal e familiar, potenciar ganhos de produtividade e contribuir para a competitividade dos serviços públicos”.
Um ensaio que pode mudar tudo
O projeto foi apresentado nas VI Jornadas de Direito do Trabalho, em Ponta Delgada, e segue o exemplo de outros países que já testaram a semana de quatro dias com resultados encorajadores.
Bolieiro sublinhou que a medida assenta “nas melhores práticas internacionais” e contou com o envolvimento dos sindicatos e dirigentes da administração regional.
O Governo açoriano acredita que a iniciativa responde aos desafios de uma era marcada por digitalização, mobilidade laboral e novas formas de produtividade, defendendo que “a contagem de horas deve dar lugar à medição de resultados”.
Quatro dias de trabalho, três de descanso
No setor privado, o executivo também vai apoiar projetos semelhantes, mas sempre com caráter voluntário e reversível, conforme o Código do Trabalho.
“O apoio público será técnico e focado no diagnóstico de processos e na avaliação independente, sem recorrer à subsidiação salarial direta”, explicou o líder do Governo Regional, citado pelo Diário de Notícias da Madeira.
A tendência internacional confirma que a redução do tempo de trabalho pode trazer melhorias significativas no bem-estar e na produtividade. Nos Açores, o objetivo é perceber se essa lógica também resulta num contexto público, e se pode inspirar o resto do país a seguir o mesmo caminho.
O equilíbrio que falta ao trabalho moderno
Durante a sessão, o presidente do Tribunal Constitucional, José João Abrantes, recordou que as novas tecnologias trazem novos riscos à vida pessoal dos trabalhadores, reforçando a importância do direito à desconexão. “Fora do tempo de trabalho, impõe-se ao trabalhador a não conexão”, afirmou.
Se tudo correr como previsto, os Açores poderão tornar-se o primeiro caso português de sucesso da semana de quatro dias, um modelo que promete mais tempo livre, menos stress e, quem sabe, uma nova forma de viver o trabalho.
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