A Unidade Local de Saúde de São João, no Porto, está a testar uma solução que pode mudar de forma profunda a logística hospitalar em Portugal: drones para transportar sangue, medicamentos e até órgãos. A iniciativa, ainda em fase piloto, pode traduzir-se em respostas mais rápidas, menos desperdício de tempo em trânsito e, acima de tudo, mais vidas salvas.
De acordo com o Jornal de Notícias, o objetivo é avaliar se estas aeronaves não tripuladas conseguem assegurar entregas seguras entre unidades de saúde, reduzindo minutos que, em alguns casos, fazem a diferença entre a vida e a morte.
O projeto está a ser desenvolvido pela ULS São João em parceria com o CEiiA e o laboratório de inovação 4LifeLAB, numa abordagem alinhada com experiências internacionais. Segundo a administração hospitalar, países como Índia, Uganda ou Ruanda já utilizam drones para entregar medicamentos, vacinas e equipamentos em zonas remotas, demonstrando que a rapidez e a eficiência podem ser determinantes em situações de emergência.
Drones testados dentro do hospital
Maria João Baptista, presidente do conselho de administração da ULS São João, explica que os testes estão a ser feitos numa área isolada do complexo hospitalar, sem circulação de pessoas, para garantir segurança total.
Segundo a mesma fonte, a ideia é avaliar a capacidade de carga das aeronaves, a estabilidade em voo, os requisitos de temperatura necessários para transportar componentes sensíveis e a tecnologia que assegura cada missão.
Numa das experiências citadas pela responsável, realizada noutro país, um drone conseguiu entregar um desfibrilhador um minuto e meio mais rápido do que uma ambulância. Segundo a mesma publicação, esse intervalo pode ser crítico em situações de paragem cardiorrespiratória, já que cada minuto perdido reduz drasticamente a probabilidade de sobrevivência.
Quando poderá ser aplicado no terreno
Apesar do entusiasmo, Maria João Baptista alerta que o projeto tem de estar totalmente maturado antes de passar à prática. A Autoridade Nacional da Aviação Civil está a acompanhar o processo, e só depois de concluída a fase de testes será possível iniciar voos para fora do perímetro hospitalar.
A primeira rota prevista deverá ligar o Hospital de São João a uma unidade da ULS local situada em Valongo.
De acordo com a publicação, uma das próximas grandes etapas será a construção de um vertiporto no topo de uma das estruturas do hospital, permitindo aterragens e descolagens de forma segura. O concurso público já foi lançado, e a infraestrutura poderá estar pronta em 2026, caso não surjam atrasos.
Menos trânsito, menos emissões, mais rapidez
Para além da eficiência, há outra vantagem apontada pela administração: a componente ambiental.
Segundo o Jornal de Notícias, o uso de drones reduz deslocações em veículos convencionais, corta emissões, liberta equipas que atualmente transportam amostras ou medicamentos e contribui para um funcionamento mais ágil do sistema de saúde.
A presidente da ULS São João admite que ainda é cedo para garantir quando esta tecnologia será integrada na prática diária, mas considera que a instituição está a criar as condições necessárias para que isso aconteça em segurança, seguindo exemplos internacionais e preparando terreno para o futuro da logística hospitalar em Portugal.
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