A crescente pressão sobre a floresta amazónica tornou-se um dos temas centrais do debate climático internacional, sobretudo quando se analisam as consequências ambientais da desflorestação e da extração de recursos naturais. Esta temática, centrada no impacto direto sobre o chamado “Pulmão da Terra”, voltou a ganhar destaque durante a recente Conferência Mundial do Clima em Belém, no Brasil.
Durante o encontro, o ministro alemão do Ambiente alertou para os efeitos globais da degradação da floresta tropical. Em declarações ao jornal alemão Geo, citadas pelo portal especializado em meteorologia Meteored, afirmou que a situação é sentida “até em Berlim”. Segundo o governante, “se a floresta tropical no Brasil deixasse de existir ou ficasse reduzida a metade, teríamos problemas completamente diferentes na Alemanha porque é o Pulmão da Terra”.
A organização ambientalista Greenpeace aproveitou o momento para salientar a importância da Amazónia no equilíbrio climático mundial. Johan Rockström, investigador climático alemão, lamentou que “infelizmente, a floresta está sujeita a um stress muito elevado”.
Na mesma linha, Rómulo Batista, especialista regional da organização, identificou a desflorestação como o principal fator de pressão, afirmando que “há muitos problemas com a exploração ilegal de madeira em grande parte da floresta”.
Quatro décadas de perdas devastadoras
Os números mais recentes mostram a dimensão da destruição. Na Amazónia brasileira perderam-se cerca de 52 milhões de hectares desde 1985, uma área maior do que o território de Espanha. De acordo com a rede cartográfica brasileira MapBiomas, isso representa uma redução de 13 por cento da cobertura vegetal original ao longo das últimas quatro décadas.
Grande parte dessa perda está ligada à expansão da pecuária. Os dados revelam que as pastagens aumentaram de 12,3 milhões de hectares em 1985 para 56,1 milhões de hectares no ano passado, um crescimento de 355 por cento.
A isto soma-se a expansão agrícola, com destaque para o cultivo de soja, utilizada sobretudo como ração animal. Para criar espaço, extensas áreas estão a ser abatidas para plantação, de acordo com a mesma fonte.
Mineração de ouro e os seus impactos silenciosos
Outro fator que intensifica a destruição é a extração de ouro. A publicação destaca que “aventureiros ilegais costumam instalar-se junto a estes locais”, explorando a floresta de forma clandestina. Organizações ambientais citadas pela mesma fonte sublinham que estas atividades provocam danos profundos devido ao uso de mercúrio, substância frequentemente utilizada para separar o ouro.
Esse contaminante infiltra-se nos cursos de água, prejudicando peixes, árvores e comunidades locais, afetando por vezes o sistema nervoso dos habitantes.
Incêndios: a nova ameaça dominante
As investigações do think tank World Resources Institute revelam que, no ano passado, desaparecia uma área de floresta tropical do tamanho de 18 campos de futebol a cada minuto. Pela primeira vez, os incêndios surgiram como a principal causa de destruição dos bosques tropicais, representando quase metade de todas as perdas registadas.
Estes dados reforçam o alerta dos especialistas, citados pela Meteored: a Amazónia, conhecida como o “Pulmão da Terra”, encontra-se num ponto crítico, e a combinação entre desflorestação, exploração agrícola, mineração e incêndios está a fragilizar de forma acelerada um dos ecossistemas mais importantes do planeta.
Para a comunidade científica, a preservação desta região não é apenas um desafio local, mas um imperativo mundial.
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