Durante meses, apresentou-se como advogado, defendeu dezenas de clientes e ganhou todos os casos que levou a tribunal. Só havia um detalhe: nunca tinha estudado Direito. O caso insólito ocorreu no Quénia, onde um homem foi detido depois de vencer 26 processos em tribunal, enganando juízes, colegas e até a própria Ordem dos Advogados do país.
De acordo com o jornal inglês Daily Mail, o protagonista desta história chama-se Brian Mwenda, e conseguiu tornar-se uma figura quase lendária ao fazer-se passar por um advogado legítimo chamado Brian Mwenda Ntwiga.
O impostor roubou a identidade do verdadeiro profissional, acedeu ao portal da Ordem dos Advogados do Quénia e alterou os dados de registo, incluindo fotografia e informações pessoais, passando assim a ser reconhecido como advogado oficialmente registado.
Um esquema descoberto por acaso
A fraude só foi descoberta quando o verdadeiro Ntwiga tentou entrar na sua conta profissional e percebeu que o acesso estava bloqueado. Foi então que descobriu que os seus dados tinham sido alterados e denunciou a situação às autoridades.
A Ordem dos Advogados do Quénia confirmou o engano e emitiu um comunicado a esclarecer que Brian Mwenda Njagi, o nome usado pelo impostor, não é advogado do Supremo Tribunal, nem membro da instituição.
O caso gerou forte indignação no meio jurídico queniano, mas também um misto de fascínio e incredulidade entre a população. Apesar da gravidade dos crimes, muitos viram no homem uma espécie de “génio sem diploma”, capaz de enganar um sistema complexo e, ainda assim, vencer todos os processos que defendeu.
Um “género sem diploma”
A Organização Central dos Sindicatos do Quénia (COTU) descreveu o caso como “extraordinário”, considerando o homem uma “mente brilhante” por ter alcançado sucesso sem qualquer formação académica.
Já Mike Sonko, antigo governador de Nairobi, partilhou um vídeo nas redes sociais ao lado do alegado impostor, dizendo acreditar na sua inocência e pedindo que fosse tratado “com humanidade”.
A história rapidamente se tornou viral nas redes sociais quenianas, dividindo opiniões entre quem o vê como um criminoso e quem o considera um exemplo de inteligência fora do comum.
Investigação formal e consequências
Entretanto, de acordo com o Daily Mail, o Ministério Público do Quénia ordenou a abertura de uma investigação formal ao caso e alertou para o aumento de falsos advogados no país.
A Ordem dos Advogados prometeu reforçar os mecanismos de verificação e segurança digital, para impedir que situações semelhantes voltem a acontecer.
Enquanto o caso segue para julgamento, o episódio já entrou para a lista das histórias mais insólitas do sistema judicial africano. Afinal, poucos conseguem enganar juízes, clientes e tribunais, e sair vencedor em 26 processos seguidos sem nunca ‘ter posto os pés’ numa faculdade de Direito.
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