O verão atrai milhares de visitantes às costas europeias, mas a experiência de muitos turistas tem sido marcada por desilusões, principalmente devido à sobrelotação. Um novo estudo revela quais são as praias que, apesar da fama, acumulam mais críticas negativas e, entre elas, está uma praia portuguesa.
De acordo com a Executive Digest, citando um relatório da empresa Cloudwards, foram analisadas mais de 1,3 milhões de avaliações da plataforma TripAdvisor, referentes a 200 das praias mais visitadas do mundo. O objetivo foi identificar as que concentram maior número de queixas, agrupadas em quatro categorias principais: sujidade, excesso de pessoas, filas e ruído. Cada praia recebeu um índice de reclamação entre 0 e 100, sendo os valores mais altos indicativos de maior insatisfação por parte dos turistas.
O relatório conclui que oito das dez praias mais criticadas do mundo por sobrelotação estão localizadas na Europa. A mais mencionada é La Pelosa, na ilha italiana da Sardenha, onde 87% das críticas negativas referem a densidade humana no areal, mesmo fora da época alta. Um utilizador da TripAdvisor descreveu a experiência como semelhante à passagem de ano em grandes cidades, apesar de ter visitado o local a meio de setembro.
Praia portuguesa surge entre as mais criticadas
Entre os destinos que mereceram destaque negativo encontra-se a Praia de Bournemouth, no Reino Unido, que lidera o ranking europeu, ocupando ainda o quinto lugar a nível global. As principais queixas apontam a falta de limpeza e a concentração elevada de banhistas, especialmente devido à proximidade com zonas urbanas.
Logo atrás surgem outras praias italianas, como Spiaggia La Cinta, também em Sardenha. Já a Praia da Falésia, no Algarve, figura na quarta posição, sendo a praia portuguesa mais criticada do estudo. Conforme a fonte acima citada, o excesso de visitantes em determinadas alturas do ano tem prejudicado a experiência de quem procura tranquilidade naquele que é considerado um dos areais mais emblemáticos do país.
Pressão sobre os ecossistemas e medidas de contenção
A crescente pressão turística tem levado várias regiões a implementar medidas para mitigar os impactos negativos sobre os ecossistemas costeiros. Refere a mesma fonte que, na Sardenha, foram impostas restrições como o limite diário de visitantes e reservas obrigatórias para aceder a certas praias, assim como a proibição de toalhas em zonas mais sensíveis, como forma de proteger a areia.
Na Grécia, foi introduzida uma taxa de entrada de 20 euros para turistas que cheguem em cruzeiros a locais como Santorini e Mykonos, tentando assim controlar os fluxos excessivos. Em Espanha, algumas praias proibiram o consumo de bebidas alcoólicas e passaram a aplicar coimas a comportamentos considerados desrespeitosos, numa tentativa de recuperar a ordem nos areais mais frequentados.
Areais gregos também visados por lixo e ruído
Apesar de estar menos presente no topo por sobrelotação, a Grécia viu algumas das suas praias entrarem na lista por outros motivos. A Lagoa de Balos, em Creta, surge como a sétima mais suja do mundo, com quase metade das avaliações negativas a referirem resíduos e 40% a indicarem aglomerações. Já Elafonissi, igualmente em Creta, surge entre as mais criticadas globalmente, com mais de 70% das queixas a referirem a elevada densidade de visitantes.
Porto Katsiki, em Lefkada, também na Grécia, aparece entre as dez mais barulhentas e desconfortáveis, apesar de integrar simultaneamente a lista das 50 melhores praias do mundo em 2025, ocupando a 36.ª posição. Este contraste ilustra o desafio crescente de manter a sustentabilidade ambiental em destinos altamente promovidos nas redes sociais e plataformas turísticas.
Paraíso sob pressão em tempo de turismo viral
A análise publicada pela Executive Digest revela ainda que mesmo praias de renome mundial, como Waikiki Beach, no Havai, podem registar o índice máximo de reclamação. No caso desta, o valor atingiu os 100 pontos, resultado da conjugação de todos os fatores negativos analisados.
A mesma fonte conclui que o turismo de massas, alimentado por imagens filtradas e expectativas idealizadas, está a colocar em risco a experiência balnear em muitos pontos da Europa. O equilíbrio entre atratividade e preservação tornou-se uma prioridade para várias autoridades locais, que procuram soluções para evitar que o paraíso se transforme num problema.
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