Quando deixei a esplêndida serra de Monchique para ir viver/estudar para Lisboa, a ideia de uma experiência de mobilidade internacional nunca me tinha passado pela cabeça. Foi só no final do 3º ano do curso de Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica do Instituto Superior Técnico-Universidade de Lisboa que tal possibilidade me foi fortemente sugerida por colegas mais seniores que tinham participado no programa Erasmus.
Devo confessar que no início não estava muito convencido, mas o entusiasmo com que ouvia os Erasmus alumni partilhar as suas experiências fez com que avançasse com a candidatura a uma bolsa de mobilidade de um semestre (1º semestre do 4º ano do Mestrado). E em boa hora o fiz, pois considero que o Erasmus foi verdadeiramente uma experiência diferenciadora para o meu desenvolvimento pessoal e profissional.
No momento da escolha da Universidade/Cidade para onde ir, diversos factores tiveram de ser equacionados. Para além da qualidade do curso e da compatibilidade do plano curricular da universidade de destino com o que estava definido no Técnico, factores como a qualidade e custo de vida da cidade bem como a sua centralidade na Europa foram importantes na minha decisão. Um dos meus objectivos na altura foi que a cidade para onde fosse não acarretasse um aumento de gastos para a minha família em relação àqueles que já tinha com a minha estadia em Lisboa. Acabei por escolher como meu destino de Erasmus a cidade de Praga, capital da República Checa. Praga, também conhecida como a “cidade das cem cúpulas”, trata-se de um dos mais belos e antigos centros urbanos europeus combinando um vasto património arquitectónico com uma riqueza histórica e cultural singular.
De notar, que durante os quase 7 meses em que estive em Praga, foi-me sempre possível descobrir um novo monumento/lugar histórico a visitar ou uma nova experiência a vivenciar.
Na Universidade Técnica de Praga (České Vysoké Učení Tehnické V Praze – ČVUT), a universidade técnica não militar mais antiga da Europa fundada em 1707, encontrei uma oferta acadêmica de qualidade tanto ao nível dos professores como das infraestruturas. A oportunidade de experienciar diferentes métodos de ensino bem como de integrar turmas verdadeiramente multiculturais são também pontos bastante positivos que gostava de realçar da minha experiência na Faculdade de Engenharia Biomédica da ČVUT. A minha turma no Erasmus tinha representantes de vários países da Europa e do Mundo como Portugal, Polónia, Holanda, Rússia, China, Índia e Perú.
As principais vantagens que retirei da minha gratificante experiência de Erasmus em Praga foram a grande rede de amizades que estabeleci com pessoas de vários pontos da Europa e do Mundo (muitos dos quais ainda mantenho contacto hoje em dia, e alguns visitaram-me em Lisboa e Monchique) e a possibilidade de alargar os meus horizontes, conhecendo outras culturas, países e cidades. O Erasmus também acaba por ser em certa parte uma experiência de autoconhecimento e responsabilidade na qual aprendemos a viver sozinhos num país diferente e longe da família.
A centralidade de Praga no continente Europeu foi também uma grande vantagem, pois permitiu com que viajasse facilmente e a baixo custo para vários países como Polónia, Alemanha, Áustria e Eslováquia.
Do ponto de vista profissional, para além da grande valorização curricular que um Erasmus aporta (muito reconhecido tanto no meio empresarial como na academia), a aprendizagem/aperfeiçoamento de outras línguas e a experiência internacional ganha facilitam bastante um possível futuro trabalho no estrangeiro.
No meu caso específico, a proficiência/treino na língua inglesa que adquiri durante o Erasmus foi bastante importante para o desenvolvimento da minha carreira de investigação (na qual cerca de mais de 90% do trabalho que faço é em Inglês). Como depois de terminar o curso e de um curto período como bolseiro de investigação na Universidade do Minho, integrei um Programa Doutoral Internacional em Bioengenharia que incluía trabalhar numa universidade americana (Rensselaer Polytechnic Institute, Troy, Nova Iorque, EUA) durante 2 anos, a experiência internacional que adquiri no Erasmus funcionou como uma excelente alavanca para o sucesso do mesmo. Durante este período nos EUA, tive o privilégio de trabalhar e interagir/aprender com alguns dos melhores e mais renomados investigadores do Mundo nas áreas da Bioengenharia e Biotecnologia como é o caso do Prof. Robert J. Linhardt.
Depois de terminar o doutoramento, juntei-me ao laboratório de Engenharia de Células Estaminais do Instituto de Bioengenharia e Biociências (Instituto Superior Técnico), onde atualmente conduzo projetos de investigação nas áreas de Bioengenharia e Medicina Regenerativa, particularmente no desenvolvimento de biomateriais para regeneração de osso e cartilagem tendo em vista novas terapias para o tratamento de doenças como a osteoartrite e artrite reumatoide.
* Algarvio natural de Monchique, investigador na área da Engenharia de Tecidos, doutorado em Bioengenharia e Medicina Regenerativa e mestre em Engenharia Biomédica
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