A União Europeia (UE) pode vir a adiar a proibição de venda de novos carros a combustão, fixada inicialmente para 2035. Segundo o Notícias ao Minuto, que cita informações avançadas pelo Sunday Times, a data poderá ser adiada para 2040, refletindo a crescente pressão de vários países e a dificuldade da indústria automóvel em acompanhar o ritmo da transição para os veículos elétricos.
A possibilidade de revisão surge num momento em que a adoção dos elétricos está muito abaixo do esperado e vários governos admitem que o plano original pode ser demasiado ambicioso.
De acordo com o Sunday Times, Tim Tozer, responsável no Reino Unido por uma grande seguradora e antigo dirigente de três fabricantes automóveis, afirmou ter recebido garantias de que a UE prepara uma extensão do prazo para 2040. Segundo a mesma publicação, outras fontes da indústria terão corroborado a informação, que rapidamente ganhou força no debate europeu sobre a descarbonização do transporte rodoviário.
Sete países pedem uma mudança de rumo
A Euronews, citada pelo Notícias ao Minuto, refere que pelo menos sete Estados-membros já manifestaram à Comissão Europeia o desejo de rever a meta de 2035. Alemanha, Chéquia, Eslováquia, Hungria, Itália e Polónia defendem que a legislação seja tecnologicamente neutra, permitindo que híbridos, biocombustíveis ou mesmo hidrogénio continuem a ser opções viáveis após essa data.
Este grupo argumenta que a proibição rígida dos motores de combustão pode colocar em risco a competitividade da indústria automóvel europeia num contexto de energia cara, escassez de componentes e procura reduzida de veículos elétricos.
De acordo com a publicação, os países alertam que os custos da transição poderão ser demasiado elevados tanto para fabricantes como para consumidores. As dificuldades sentidas por vários construtores em atingir as metas de eletrificação reforçam a perceção de que o calendário atual poderá exigir ajustamentos.
Uma segunda carta com um aviso estratégico
Em paralelo, Alemanha e Itália enviaram outra carta a Bruxelas, sublinhando a importância de preservar a autonomia estratégica da indústria automóvel europeia.
Explica o site que ambos os países receiam que uma transição demasiado rápida possa acabar por favorecer fabricantes de fora da UE, nomeadamente chineses, que têm investido agressivamente no mercado de veículos elétricos.
Segundo o Notícias ao Minuto, esta preocupação juntou-se à pressão das marcas europeias, que enfrentam margens apertadas e elevados custos de produção. A indefinição regulatória também tem contribuído para um abrandamento dos investimentos, aumentando a pressão sobre a Comissão para reavaliar o calendário.
O que pode acontecer agora
A Comissão Europeia ainda não confirmou qualquer alteração formal, mas a discussão tornou-se incontornável. A eventual mudança para 2040 poderá oferecer às marcas mais tempo para ajustarem as suas estratégias de produção e para estabilizar a cadeia de fornecimento, além de proporcionar aos consumidores uma transição mais gradual para a mobilidade elétrica.
Para já, a proposta original mantém-se em vigor, mas a força crescente dos países que apelam à revisão mostra que a meta de 2035 poderá, de facto, ser renegociada.
Se isso acontecer, a Europa terá de redefinir o equilíbrio entre ambição climática e viabilidade industrial, num dos debates mais delicados da política energética e ambiental da próxima década.















