A história de Naomi Williamson podia ter terminado em silêncio, como tantas outras ligadas ao consumo de drogas. Contudo, acabou por regressar ao tribunal, desta vez não para ser julgada, mas para provar que tinha mudado. De acordo com o jornal The Northern Echo, a mulher, residente em Bearpark, no condado de Durham, no Reino Unido, convenceu os magistrados de que estava preparada para recuperar a carta de condução que lhe fora retirada em 2023.
A 9 de outubro de 2023, Naomi foi proibida de conduzir durante 32 meses, após admitir ter recusado fornecer uma amostra de sangue para análise. A decisão judicial seguiu-se a um episódio ocorrido em maio do mesmo ano e marcou o ponto mais baixo de um período em que, segundo o tribunal, a mulher lutava contra um problema de dependência de drogas.
Segundo o jornal, a vida mudou de direção pouco tempo depois. Williamson decidiu procurar apoio e iniciou um processo de recuperação que se prolonga há mais de dois anos. Testou sempre negativo para drogas e, ao longo desse tempo, envolveu-se em projetos de voluntariado ligados à reintegração social de mulheres com dependências ou vítimas de violência doméstica.
Pedido inesperado no tribunal
A audiência em que pediu a revogação antecipada da pena decorreu recentemente no tribunal de Peterlee. A sua advogada, Lucy Redshaw, descreveu aos magistrados a transformação da sua cliente: “hoje é uma mulher diferente”, declarou, citada pelo jornal.
Refere a publicação que a arguida tem trabalhado com duas organizações locais, coordenando grupos de apoio em várias cidades do norte de Inglaterra, incluindo Durham e Bishop Auckland. O facto de não poder conduzir obrigava-a a recorrer frequentemente a transportes públicos ou a táxis, o que dificultava a conciliação com as responsabilidades familiares.
“Quero mostrar que é possível mudar”
Durante a audiência, Williamson dirigiu-se aos magistrados para explicar o que a motivou a pedir a carta de volta. “Tive medo de pedir ajuda, mas consegui mudar. Agora quero mostrar a outras mulheres que também há apoio para elas”, afirmou, conforme a mesma fonte.
O jornal acrescenta que Naomi, mãe de vários filhos e com problemas respiratórios crónicos, continua a trabalhar com associações que prestam assistência a mulheres em situações de risco. O tribunal considerou que o percurso de reabilitação demonstrava “empenho e consistência” suficientes para justificar uma nova oportunidade.
Sete meses antes do prazo
Segundo o The Northern Echo, o coletivo de magistrados, presidido por Thomas Reay, elogiou a recuperação e decidiu levantar a proibição ao fim de 25 meses, menos sete do que o previsto na sentença original. O juiz sublinhou, contudo, que a mulher não pode conduzir até receber formalmente a carta.
A decisão encerra um processo que começou com uma infração rodoviária, mas acabou por se transformar num caso de reinserção e de mudança pessoal, reconhecido pela própria justiça britânica.
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