Um ambicioso projeto ferroviário promete alterar significativamente o modo como os europeus se deslocam pelo continente. Este comboio chama-se Starline e foi apresentado pelo think tank ‘21st Europe’. Esta iniciativa visa criar uma extensa rede de alta velocidade que vai ligar 39 capitais europeias, com comboios a circular entre os 300 e 400 km/h. O objetivo é tornar as viagens de longa distância mais rápidas, acessíveis e amigas do ambiente, reduzindo o recurso ao transporte aéreo.
Uma proposta ambiciosa e integrada
A proposta Starline foi revelada durante a primeira cimeira ‘21st Europe’, em Barcelona. A rede ferroviária prevista abrangerá mais de 22 mil quilómetros, ligando cidades como Lisboa, Kiev, Bucareste e Helsínquia num sistema único, livre das limitações das fronteiras nacionais.
O objetivo, de acordo com a Executive Digest, é posicionar a ferrovia como a solução preferencial para deslocações de média e longa distância no continente europeu, promovendo uma mobilidade mais sustentável e eficiente.
Viagens rápidas, confortáveis e conectadas
Segundo os responsáveis do projeto, a rede Starline permitirá, por exemplo, reduzir o trajeto entre Helsínquia e Berlim para pouco mais de cinco horas. Percursos como Milão-Munique seriam suficientemente curtos para garantir ligações regulares entre importantes centros económicos.
O design de cada comboio, como referido pela mesma fonte, inspira-se na bandeira da União Europeia, com estrelas a decorar os vagões, e o interior é pensado para oferecer máximo conforto, incluindo zonas de silêncio, espaços para famílias, cafetarias e assentos ergonómicos.
Além disso, as estações serão concebidas como hubs dinâmicos, integrando praças públicas e espaços culturais, reforçando o papel da ferrovia no desenvolvimento urbano e social.
Sustentabilidade e governação inovadora
A Starline, tal como reportado pela Executive Digest, surge num contexto em que a União Europeia reforça os seus compromissos para reduzir as emissões de carbono. O projeto apresenta-se como uma alternativa verde à aviação regional, com potencial para cortar em 80% o número de voos de curta distância dentro da Europa.
Para garantir a eficiência da rede, propõe-se a criação de uma nova Autoridade Ferroviária Europeia (ERA), que seria responsável pela supervisão da operação e manutenção.
A gestão ficará a cargo de operadores privados, enquanto o financiamento será público, assegurando a sustentabilidade financeira do projeto.
Os comboios utilizarão energia exclusivamente proveniente de fontes renováveis, aumentando a independência energética e o impacto ambiental reduzido.
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Desafios técnicos, políticos e financeiros
Apesar da visão ambiciosa, segundo a mesma fonte, o projeto enfrenta obstáculos significativos. O financiamento e a coordenação entre diversos governos são complexos, exigindo um esforço conjunto e contínuo.
A padronização técnica, atualmente fragmentada, também é um desafio, dada a diversidade de sistemas ferroviários europeus.
A plataforma ‘Hidden Europe’ apontou falhas no plano original, nomeadamente a proposta de um túnel sob o mar Adriático e os Apeninos para ligar Zagreb a Roma, uma obra de engenharia extremamente complexa e dispendiosa, cuja viabilidade está em causa.
Tarifas acessíveis, mas a adesão é incerta
A Starline promete preços competitivos e um sistema de bilhética unificado, facilitando a compra de bilhetes e as conexões entre linhas. No entanto, especialistas questionam se estas medidas serão suficientes para competir com a aviação, que continua a ser, em muitos casos, mais barata e rápida.
O jornalista Simon Calder mostrou-se entusiasmado com o conceito, mas salientou a necessidade de uma reforma profunda da infraestrutura ferroviária europeia para tornar o comboio uma alternativa verdadeiramente atrativa e eficiente.
Uma visão para o futuro da mobilidade europeia
De acordo com a Executive Digest, a Starline representa uma visão ousada para a mobilidade na Europa. Se superados os desafios técnicos, financeiros e políticos, poderá redefinir as viagens no continente, consolidando o comboio como o principal meio para deslocações interurbanas.
Este projeto surge num momento decisivo para a Europa, alinhando-se com as metas climáticas e a digitalização do transporte, representando um passo importante para um futuro mais sustentável e integrado.
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