Em declarações à Lusa por ocasião do 15.º aniversário da Instituição Particular de Apoio Social (IPSS), criada em 01 de março de 2007, Nuno Cabrita Alves, presidente da instituição, afirmou que foi o crescimento e consolidação da estrutura que permitiu apoiar, no pico da pandemia, um “máximo histórico” de cerca de 30.000 pessoas.
“O Banco Alimentar do Algarve começou há 15 anos com uma distribuição média anual na ordem das 400 toneladas, hoje distribui perto de 3.500 toneladas de alimentos por ano só aqui na região do Algarve, o que fez com que, sendo o 12.º banco a abrir em Portugal, hoje seja o quarto maior banco do país numa rede de 21”, quantificou.
Nuno Cabrita Alves reconheceu que o número de pessoas apoiadas tem registado “altos em baixos” e, se numa “primeira fase, com o início da operação, as instituições começaram a aderir e isso fez com que se fosse aumentando o número de pessoas”, a seguir chegou “a crise financeira” e o “número de pessoas apoiadas também cresceu” de “forma significativa”.
Após a crise, o Banco Alimentar algarvio atingiu um “valor histórico muito baixo de pessoas a serem apoiadas”, mas ao ser “declarada a pandemia de covid-19 e decretado o primeiro ‘lockdown’ [confinamento], o Banco, automaticamente, no espaço de poucos dias, recebeu exponencialmente um número enorme de pedidos”, contrapôs.
O Banco Alimentar do Algarve alcançou “valores nunca atingidos” e passou então “do mínimo histórico para o máximo histórico, chegando perto das 30.000 pessoas” apoiadas, sustentou aquele responsável, frisando que esse número já se “tem vindo a ajustar para baixo” com o aliviar das restrições impostas para conter a pandemia de covid-19.
Se, num primeiro momento, o “crescimento sustentado” e a capacidade de chegar ao “máximo de parceiros possível” trouxe “um aumento da oferta” e permitiu “ter alimentos em quantidade” para prestar apoio aos mais carenciados, atualmente, a resposta já se distingue “também pela diversidade”, sublinhou.
“Em 2007, estaríamos a falar de um cabaz com massa, arroz, atum, salsichas, leite e pouco mais, enquanto hoje falamos num cabaz que, além desses produtos, tem frutas, verduras, queijo, manteiga, iogurtes, peixe, carne, pão, ou seja, houve um aumento claro da quantidade, mas também da diversidade de produtos a distribuir”, exemplificou Nuno Cabrita Alves.
Questionado sobre a implantação territorial do Banco Alimentar do Algarve, Nuno Cabrita Alves respondeu que, logo “em 2008, já se estaria a apoiar instituições em todos os 16 concelhos da região”, mas, esclareceu, o número de instituições apoiadas varia em função do território.
“O grosso do impacto no Banco faz-se nos concelhos de Olhão, Faro e Loulé, pela quantidade de instituições que são apoiadas, que, em alguns concelhos, ascende a 20 instituições apoiadas. Mas, por outro lado, temos os concelhos periféricos, como é o caso de Castro Marim, Alcoutim, Monchique ou Aljezur, ou Lagos ou Vila do Bispo, onde muitas vezes só temos uma instituição em cada território”, observou.
Sobre o financiamento, o presidente da instituição disse que parte dos apoios advêm de “donativos da sociedade civil em geral e das empresas”, embora outra parte do financiamento seja “altamente suportada pelas Câmaras Municipais”.
“Começámos, e durante muitos anos, tivemos um orçamento anual na ordem dos 10.000 euros. Por incrível que pareça, e não me engano no número, são 10.000 euros. Hoje, ascende a perto de 300.000 euros”, indicou.
Segundo Nuno Cabrita Alves, o crescimento gradual do orçamento anual do Banco Alimentar do Algarve teve um “efeito multiplicador”, permitindo que hoje se apoie a população da região “com mais de quatro milhões de euros de doações e alimentos”.