A saúde é não só um valor inquestionável, como um direito de cidadania das sociedades modernas e desenvolvidas. E se é verdade que o turismo se encontra associado sobretudo ao lazer, não é menos verdade que a saúde casa bem com a maior actividade económica mundial – o turismo.
O turismo tornou-se não só numa necessidade fundamental das sociedades modernas, mas também num sector económico estratégico e prioritário, e um direito dos cidadãos, incluindo os grupos com carências específicas de cuidados de saúde contínuos, prolongados ou não, alargando horizontes impensáveis no passado em matéria de longevidade e qualidade de vida das populações em geral.
A generalização da actividade turística, e a sua consequente massificação e democratização, passou a ser um direito de todos, sem fronteiras nem constrangimentos de qualquer espécie. Todos integram a vida económica, social e cultural e, por conseguinte, todos devem poder usufruir do direito ao lazer, à saúde e ao turismo.
O envelhecimento populacional é um fenómeno actual, presente nas sociedades contemporâneas, o que só por si justifica a criação de condições que permitam um maior acesso a bens e serviços turísticos e de saúde.
“Um destino turístico de futuro e com futuro, precise aliar aos seus atractivos turísticos tradicionais, um sistema que permita aos turistas que nos visitam manter durante as suas estadias os cuidados de saúde ao nível do que estão habituados nos seus países de origem”
Estes serviços, embora já existam no Algarve e em Portugal, não se encontram ainda estruturados para responder a estes desafios da modernidade, especialmente no que se refere a infraestruturas hospitalares modernas, governança dos serviços públicos, etc. Mais de 20 por cento da população europeia terá 65 anos ou mais em 2030.
Neste contexto, torna-se urgente desenvolver estratégias que estimulem a qualificação e a competitividade da nossa oferta turística, visando dar resposta a estes desafios, melhor forma de esbater os efeitos negativos da maior fragilidade do turismo do Algarve – a sazonalidade. O turismo de saúde e bem-estar, não tenho dúvidas disso, é uma das apostas a prosseguir rumo a este desiderato.
A região dispõe de hospitais privados com capacidade e preparados para receber turistas e pacientes estrangeiros carenciados de serviços de saúde, dispondo ainda de dezenas de SPA´S, algumas talassoterapias, termas e valências em medicina estética, curativa e recuperação, para além de uma oferta de alojamento diversificada e de grande qualidade, ao nível do que há de melhor em todo o mundo.
É verdade que o sector público tem mostrado total insensibilidade para esta área de negócio, sendo de reconhecer o enorme esforço que é preciso desenvolver junto das entidades competentes, tendo em vista a definição de políticas e gestão de saúde pública, nomeadamente por parte do governo, designadamente no que se refere à estruturação do produto e à implementação de uma estratégia promocional.
Temos consciência que as actividades turísticas enfrentam novos desafios decorrentes das crises internacionais, o que vem abalando os princípios da economia do turismo e alterando os comportamentos dos turistas.
O pilar principal e base de motivação da indústria turística assenta numa mensagem de paz e humanismo, e no princípio da cooperação, enquanto elementos essenciais no relacionamento entre os povos, condições sem as quais o turismo não se expande nem se desenvolve.
O incremento do turismo social é, pois, um desafio do futuro. Ou seja, o crescimento progressivo e continuado das viagens de cidadãos com incapacidade é, neste contexto, uma realidade económica e social não só do presente, mas do futuro e, por conseguinte, mais uma oportunidade de negócio para todos.
Daí que, um destino turístico de futuro e com futuro, precise aliar aos seus atractivos turísticos tradicionais, um sistema que permita aos turistas que nos visitam manter durante as suas estadias os cuidados de saúde ao nível do que estão habituados nos seus países de origem.
*O autor não escreve segundo o acordo ortográfico