O programa E-Lar arranca a 30 de setembro e vai permitir a milhares de consumidores trocarem aparelhos a gás por eletrodomésticos elétricos através de vouchers financiados pelo Governo. A iniciativa pretende incentivar a eficiência energética nas habitações, mas a DECO PROteste alerta que nem todas as trocas compensam e que, em alguns casos, os custos mensais podem até aumentar.
De acordo com a DECO PROteste, o programa prevê a substituição de esquentadores a gás por termoacumuladores, fogões por placas elétricas e fornos a gás por fornos elétricos. Porém, algumas destas opções levantam dúvidas.
A organização sublinha que os termoacumuladores consomem mais energia e podem revelar-se mais caros na fatura, sobretudo para quem utiliza gás butano engarrafado ou gás natural.
Trocas que nem sempre poupam
A mesma entidade explica que, no caso dos fogões, apenas a substituição por placas de indução pode ser vantajosa para quem usa gás natural. Já as placas de vitrocerâmica tendem a pesar mais no orçamento.
Pelo contrário, os consumidores que usam gás de botija podem beneficiar da mudança para placas elétricas, sendo a indução a opção mais eficiente.
Limitações e críticas ao programa
A DECO ProTeste destaca ainda várias fragilidades do E-Lar. O voucher é de utilização única, o que pode obrigar à compra de todos os aparelhos num único fornecedor, levantando dúvidas de concorrência.
Além disso, não inclui bombas de calor, que são consideradas a solução mais eficiente para aquecer água, mas sim termoacumuladores, uma opção menos vantajosa para o ambiente e para os consumidores.
Outros problemas apontados passam pelo tamanho reduzido dos termoacumuladores elegíveis e pela ausência de regras sobre o tamponamento das saídas de gás, uma intervenção técnica necessária à substituição que não está contemplada no apoio.
Custos escondidos a ter em conta
Outro alerta prende-se com a instalação elétrica. Muitas habitações podem não ter capacidade para suportar a potência adicional de novos aparelhos, o que pode obrigar a obras ou a um aumento da potência contratada junto do fornecedor de eletricidade.
Segundo a DECO PROteste, cada nível acrescido representa cerca de dois euros a mais por mês e, em alguns casos, será preciso subir mais do que um nível para acomodar os novos equipamentos.
Contas feitas antes de aderir
O programa E-Lar representa uma oportunidade para modernizar equipamentos, mas os consumidores devem avaliar com cuidado se a troca compensa ou não. A DECO PROteste recomenda que sejam feitas contas ao consumo, aos custos de instalação e à potência contratada antes de avançar com a candidatura.
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