Obter dinheiro físico pode estar prestes a mudar para sempre. Embora os pagamentos por cartão, telemóvel ou smartwatch estejam a ganhar terreno, muitas pessoas dependem dos multibancos tradicionais para levantar dinheiro. Agora, uma nova vaga de mudanças está a espalhar-se rapidamente e promete substituir os tradicionais multibancos.
Em França, três dos maiores bancos do país iniciaram um plano para eliminar gradualmente as caixas automáticas tradicionais e instalar novos equipamentos mais modernos, com o objetivo de completar a transição até 2026. A medida está a gerar polémica, tanto pela rapidez com que está a ser implementada como pelas implicações que poderá ter para os utilizadores mais habituados ao sistema antigo.
Três bancos, uma rede única
O BNP Paribas, o Société Générale e o Crédit Mutuel Alliance Fédérale uniram esforços e criaram uma rede comum chamada Cash Services. Esta nova entidade será responsável pela instalação de sete mil novas caixas automáticas, que substituirão os equipamentos atuais.
Estas máquinas terão um logótipo próprio, identificando a nova rede, mas continuarão a apresentar o ambiente gráfico do banco do cliente quando este inserir o cartão. Esta decisão pretende manter alguma familiaridade e facilitar a adaptação ao novo sistema.
A principal novidade é que, com estas máquinas, deixam de existir taxas cobradas por levantar dinheiro fora do banco de origem. Qualquer cliente poderá utilizar qualquer caixa da nova rede, sem pagar comissões adicionais.
Muito mais do que levantar dinheiro
Além dos levantamentos, estas novas máquinas permitirão fazer depósitos em dinheiro e levantar cheques, entre outras funções. A intenção é que funcionem como pequenos balcões automáticos, oferecendo uma gama completa de serviços bancários.
Outra vantagem apontada é a modernização do sistema, com ecrãs táteis, maior rapidez nas operações e uma interface mais intuitiva. Os responsáveis pelo projeto garantem que, apesar da tecnologia avançada, a utilização continuará a ser simples para todos os utilizadores.
As novas caixas automáticas foram pensadas também para responder às necessidades das populações mais isoladas, nomeadamente em zonas rurais. Muitas vilas e pequenas localidades ficaram sem agências bancárias nos últimos anos, dificultando o acesso ao dinheiro.
Novas máquinas chegam já este ano
De acordo com a Herloop, o plano de implementação está a avançar rapidamente. Está prevista a instalação de mil máquinas até ao final de junho de 2025, com o objetivo de atingir três mil unidades até ao final do ano.
A escolha dos locais para a instalação está a ser feita em articulação com os municípios e outras entidades locais, de forma a garantir que os novos serviços chegam primeiro às zonas com maiores carências.
Apesar do avanço da tecnologia, muitos continuam a preferir utilizar dinheiro físico nas suas transações do dia a dia. Estacionamentos, pequenas compras ou estabelecimentos que não aceitam pagamentos electrónicos são alguns dos casos onde o numerário continua a ser essencial.
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Preocupações com a mudança
A substituição dos multibancos tradicionais está a gerar receio, sobretudo entre a população mais velha. Para muitas pessoas, estas caixas fazem parte da rotina há décadas, e a transição para algo novo pode trazer insegurança.
O medo de cometer erros, de não conseguir realizar operações ou de não compreender os novos menus são algumas das dúvidas que têm sido expressas. Há quem tema que esta mudança venha a excluir quem tem mais dificuldade em acompanhar a evolução digital.
Para tentar contornar esta resistência, os bancos garantem que a nova rede manterá um aspeto semelhante ao que já existe, e que serão disponibilizadas instruções claras nos novos equipamentos.
Centralização levanta outras dúvidas
A união de três grandes bancos numa única rede de caixas automáticas levanta também questões sobre a concorrência. Alguns especialistas alertam que esta centralização poderá limitar a diversidade de serviços disponíveis.
Apesar disso, os bancos envolvidos asseguram que a partilha de equipamentos visa apenas reduzir custos operacionais e melhorar a cobertura do serviço, sem comprometer a liberdade de escolha dos consumidores.
A nova abordagem poderá representar uma forma mais económica de manter o acesso ao dinheiro em todo o país, mas também exige um esforço de adaptação por parte de milhões de pessoas.
Com a eliminação progressiva dos multibancos clássicos, começa a desenhar-se um novo cenário na forma como lidamos com o nosso dinheiro.
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