Para muitos, a reforma marca o fim da vida profissional. No entanto, para Larry e Joyce Gesick, esse momento transformou-se numa fase em que, já reformados, tiveram de voltar a trabalhar, uma vez que a pensão de Larry não chegava para cobrir as despesas mensais. Mesmo após a aposentação, continuam a enfrentar um dia a dia exigente, guiado pela necessidade.
Um casal que não conseguiu parar de trabalhar
A história decorre nos Estados Unidos, onde Larry Gesick, de 77 anos, ganha a vida a descarregar camiões. De acordo com o jornal digital espanhol, Noticias Trabajo, a sua pensão não chegava para cobrir custos básicos como habitação, alimentação e contas. Atualmente, recebe cerca de 12,57 euros por hora, o que equivale a um rendimento mensal bruto próximo dos 2.068 euros.
A sua esposa, Joyce Gesick, de 66 anos, também voltou a trabalhar, exercendo funções administrativas a tempo inteiro, com um salário de 11,93 euros por hora. “Isto não é uma reforma, é simplesmente continuar a trabalhar todos os dias. Não voltei por escolha, mas por necessidade”, desabafou.
Nos Estados Unidos, esta realidade não é exceção. Cerca de uma em cada cinco pessoas com mais de 65 anos continua empregada, o que representa cerca de 11 milhões de norte-americanos.
As consequências da falta de preparação financeira
A economista laboral Teresa Ghilarducci, citada pela mesma fonte, alerta que “trabalhar tornou-se a nova forma de reforma”. Segundo explica, mais de metade dos cidadãos que atingem a idade de aposentação não dispõe de poupanças suficientes para viver sem rendimentos laborais. Décadas de políticas de pensões inadequadas e uma fraca educação financeira deixaram muitos reformados sem alternativas.
Larry recorda que cresceu numa quinta, onde nunca lhe foi ensinado o valor da poupança. “Ninguém nos explicou que devíamos guardar dinheiro para o futuro. Sempre nos focámos em trabalhar, não em poupar”, confessou.
Hoje, o casal enfrenta várias dívidas, incluindo uma hipoteca e prestações do automóvel, que totalizam cerca de 10.220 euros. Depois de liquidarem as despesas mensais, restam-lhes apenas cerca de 50 dólares, o que os leva a refletir que, se tivessem esperado até aos 70 anos para pedir a pensão, poderiam ter um rendimento mais confortável.
Planeamento é essencial para evitar regressos forçados
De acordo com Ghilarducci, o segredo para evitar situações como a de Larry e Joyce passa por um planeamento financeiro rigoroso. Recomenda que, ainda em idade ativa, se criem fundos de emergência que cubram de seis a doze meses de despesas, e, já reformado, se mantenham reservas que permitam viver um a dois anos sem depender de rendimentos adicionais.
O casal admite que a falta de preparação foi determinante para a situação em que se encontram, mas acredita que a disciplina e o controlo financeiro poderão ajudá-los a recuperar algum equilíbrio.
Tal como refere o Noticias Trabajo, casos como o de Larry e Joyce Gesick refletem uma tendência crescente entre os reformados norte-americanos, que se veem forçados a continuar a trabalhar para garantir estabilidade financeira. Esta realidade revela as fragilidades do sistema de pensões e reforça a importância de uma maior literacia financeira para que a reforma não se transforme num prolongamento involuntário da vida laboral.
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