Um jovem português atingiu um patamar raro no universo da banca de investimento internacional. O feito aconteceu numa das instituições mais influentes do setor, num processo competitivo que só ocorre de dois em dois anos e que projeta carreiras ao mais alto nível.
Quem é o novo managing director
Chama-se Paulo Costa, tem 29 anos e foi promovido a managing director no banco americano Goldman Sachs, tornando-se o mais jovem de sempre na história do banco. Até à promoção, era diretor executivo responsável pela negociação de dividendos nas regiões da Europa, Médio Oriente e África, uma função que exige coordenação com grandes investidores e precisão operacional nos fluxos associados a pagamentos de dividendos.
O trabalho da sua equipa passa por apoiar investidores institucionais, como fundos de cobertura, em estratégias sobre ações através de derivados. Cabe-lhes assegurar que os pagamentos de dividendos são refletidos com exatidão no valor e nos fluxos de caixa das transações, uma tarefa sensível onde erros têm impacto financeiro relevante.
Um percurso personificado
Natural do Porto e oriundo de uma família de médicos, Paulo Costa descreveu a escolha pela alta finança como um “choque” inicial em casa, embora hoje considere que a família reconhece a opção de carreira. Casou-se este ano, após sete anos de namoro, e a mulher trabalha igualmente no banco, o que simboliza uma dupla ligação ao mesmo ambiente profissional.
A promoção foi comunicada por telefone e, segundo relatou ao Business Insider, a primeira reação foi partilhar a notícia com a família. O episódio marca um ponto de viragem numa trajetória acelerada num banco que figura entre os dez maiores do mundo por capitalização bolsista, avaliado em cerca de 243 mil milhões de dólares.
O ciclo de promoções no banco
O Goldman Sachs revê a cada dois anos quem sobe a managing director, um estatuto intermédio na escalada até sócio. Em 2023 foram promovidos 608 profissionais e, em 2025, o número subiu para 638, integrando a lista onde se encontra Paulo Costa.
Esta dinâmica acontece num contexto de forte competição interna e metas exigentes. A promoção sinaliza desempenho consistente, capacidade de gerar negócio e reconhecimento dentro das estruturas de liderança.
Remuneração e ambição
De acordo com o The Wall Street Journal, o estatuto de managing director implica um salário-base de 400 mil dólares, sem contar com eventuais bónus de desempenho e acesso a programas internos de liderança. Em mercados como Londres ou Nova Iorque, a remuneração total pode ultrapassar um milhão de euros em anos de resultados fortes.
A progressão, destacam especialistas de recrutamento, tem marcos temporais previsíveis, avaliações regulares e valoriza tanto a performance como as chamadas competências comportamentais. Liderança de equipas, gestão de clientes e mobilidade internacional são vistos como trunfos na trajetória até posições de topo.
O que pesa nas decisões
A referência interna, com o apoio de um patrocinador sénior, é frequentemente decisiva para sustentar a candidatura à promoção. Ao mesmo tempo, a consistência técnica e a capacidade de execução são elementos críticos num setor onde as equipas competem por resultados quantificáveis.
O jovem português ascende, assim, num ano em que as receitas por comissões voltaram a aproximar-se dos níveis do auge pandémico em fusões e aquisições. Nos primeiros nove meses de 2025, o Goldman Sachs lucrou 12 mil milhões de dólares, mais 24% face ao período homólogo, criando espaço para reconhecer desempenhos.
Diversidade e próximos passos
Apesar do ciclo positivo, a diversidade continua aquém do objetivo. Em 2025, das 638 pessoas promovidas a managing director, 27% são mulheres, abaixo dos 31% registados em 2023, o que mantém a discussão sobre equilíbrio de género na agenda do setor.
A paragem seguinte na carreira é o estatuto de sócio, um dos picos na hierarquia do banco. Atualmente, José Barreto é o único português com essa distinção, alcançada em 2020, sinalizando que o caminho até ao cume continua a exigir resultados sustentados e patrocínio interno.
Um sinal para a banca de investimento
A promoção de Paulo Costa confirma a aceleração de talentos na banca de investimento e a capacidade de perfis jovens assumirem responsabilidades num ambiente de risco e exigência. O caso ilustra como mérito, patrocínio e execução podem convergir para acelerar carreiras em instituições globais.
Para um país atento à afirmação de quadros no exterior, a ascensão de um gestor de 29 anos a managing director num banco como o Goldman Sachs é um indicador do potencial competitivo português neste mercado. E ajuda a explicar porque este percurso promete dar que falar.















