Erasmo Carlos, cantor e compositor brasileiro, morreu esta terça-feira aos 81 anos.
O artista faleceu no Hospital Barra D’Or, no Rio de Janeiro, onde se encontrava internado desde segunda-feira. Não foi divulgada a causa de morte; sabe-se que esteve recentemente hospitalizado com edema.
Há três dias, o cantor ganhou um Grammy Latino na categoria “Álbum de rock ou música alternativa em língua portuguesa” pelo disco “O Futuro Pertence à Jovem Guarda”.
Sobre ele, Lula da Silva, recém-eleito Presidente do Brasil, escreveu: “muito além da Jovem Guarda, foi cantor e compositor de extremo talento, autor de muitas das canções que mais emocionaram brasileiros nas últimas décadas. Tremendão, amigo de fé, irmão camarada, cantou amores, a força da mulher e a preocupação com o meio ambiente”.
Nascido no Rio de Janeiro a 5 de junho de 1941, Erasmo Esteves – de seu verdadeiro nome – foi um dos pioneiros do rock brasileiro. Nos tempos da juventude conhece Tim Maia, Jorge Ben Jor e Wilson Simonal, tendo sido populares as suas parcerias com Roberto Carlos. Conhecido também pela alcunha Tremendão, fez parte do programa televisivo Jovem Guarda, exibido entre 1965 e 1968, ‘palco’ do emergente rock and roll brasileiro, popularizando nesses tempos canções como ‘Gatinha Manhosa’ e ‘Festa de Arromba’. O yé-yé brasileiro viria, inclusive, a ser absorvido pela Jovem Guarda, aqui entendido enquanto movimento cultural.
No arranque dos anos 70, já depois do encontro com a MPB, nomeadamente ao cruzar-se com Caetano Veloso, envereda por uma tendência influenciada pela cultura hippie e pela soul. “Carlos, Erasmo”, disco que lançou em 1971, abre com ‘De Noite na Cama’, que lhe foi oferecida por Veloso e é vista como uma ode à marijuana.
Na mesma década, os seus discos ganham um cariz ecológico, destacando-se “Projeto Salva Terra”, de 1974, e ‘Pelas Esquinas de Ipanema’, de 1978, que incluía ‘Panorama Ecológico’.
Equilibrando a discografia com um percurso no cinema, entra na década de 80 com o projeto “Erasmo Convida”, duetos com artistas como Nara Leão, Gilberto Gil, Rita Lee, Tim Maia, Jorge Ben e, de novo, Caetano Veloso. ‘Sentado à Beira do Caminho’, com Roberto Carlos, torna-se um êxito.
Dedica um álbum às mulheres, precisamente “Mulher”, de 1981, no qual apresenta ‘Mulher (Sexo Frágil)’, composta com a sua esposa, Narinha.
Erasmo Carlos edita com frequência ao longo dos anos 80, percurso que encararia depois com reservas, atribuindo a ‘generosidade’ da sua discografia a obrigações editoriais e à pressão para fazer canções de apelo radiofónico. Encontrava-se divorciado de Narinha quando esta, a 26 de dezembro de 1995, se suicida aos 49 anos. Eramo lança apenas dois álbuns nos anos 90.
Desde o arranque do século XXI, publica álbuns onde se destacaram colaborações com nomes como Marisa Monte, Marcelo Camelo, Carlinhos Brown, Lulu Santos, Milton Nascimento ou Chico Buarque. Em 2009, aos 68 anos, volta ao rock and roll com o disco apropriadamente intitulado “Rock’n’roll”, homenagem ao género que mais o influenciou. Nos últimos dez anos da vida lança seis álbuns, quatro dos quais de estúdio.
- Texto: Blitz do Expresso, jornal parceiro do POSTAL