
O encenador Ricardo Neves-Neves, natural de Quarteira e o pianista e compositor Filipe Raposo apresentam no Cine-Teatro Louletano, nos próximos dias 29 e 30, às 21:30 horas, a peça de teatro “Banda Sonora”, em estreia absoluta no sul do país.
Num dispositivo cénico surpreendente, com uma floresta em palco e uma orquestra em fundo, na montanha, a tocar ao vivo, os dois criadores apresentam um espetáculo invulgar e surpreendente, em que a música seguiu a escrita e vice-versa, pondo em palco um universo de perversidade infantil interpretado por três pares de atrizes-cantoras, acompanhadas pela Orquestra Académica Metropolitana dirigida pelo Maestro Cesário Costa. Um texto carregado de metáforas, passado numa floresta de contos mais ou menos tradicionais, com músicas e canções a condizer.
Numa floresta de terror vivem três meninas órfãs, de 8, 12 e 16 anos: as primeiras macrocéfalas e cheias de curiosidade científica, as segundas obcecadas pelas regras sociais e filhas de um rei da Mesopotâmia, as terceiras tão volumosas que sentenciaram a morte da mãe com o seu nascimento. São três meninas a seis vozes. Os três pares de atrizes, com semelhanças físicas e tímbricas, povoam o palco num universo ligado ao cinema de terror e aos contos tradicionais infantis mais negros. Entre o nonsense, o delírio e a inocência extravagante, em forte ligação a uma essência musical, rítmica e polifónica, percorre-se um caminho pela floresta desde a dissecação de sapos até à secreta introdução ao tabagismo.
O reconhecido crítico Augusto M. Seabra escreveu: um “espetáculo brilhantíssimo, absoluta confirmação, caso necessidade ainda houvesse, da singularidade criativa de Ricardo Neves-Neves, aqui numa exemplar parceria com um compositor, Filipe Raposo. Sem dúvida alguma um marco do teatro musical nos palcos portugueses”. É sublinhada a ferocidade criativa de Ricardo Neves-Neves, levada a um ponto inédito: a menina é órfã de mãe, que morreu no parto, e a história segue até à morte do pai. Alia-se a isso o portentoso delírio visual (a cenografia é assinada por Henrique Ralheta, os figurinos são da responsabilidade de Rafaela Mapri e a caraterização coube a Cidália Espadinha) de um universo figurativo que faz lembrar Tim Burton, bem como um notável nível de apuramento formal no que toca à interpretação (a direção vocal é de João Henriques).
“Banda Sonora” é uma coprodução: Teatro do Eléctrico, Cine-Teatro Louletano e São Luiz Teatro Municipal.
Os bilhetes têm um custo de 9 euros por pessoa, passando para 7 euros para maiores de 65 e menores de 30 anos (o Cartão de Amigo é aplicável), tendo o espetáculo uma duração de 60 minutos, dirigido a maiores de 14 anos.
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(SP/CM)