A chegada do outono é quase sinónimo de mau tempo e as estradas tornam-se um verdadeiro desafio para os condutores. A chuva, o nevoeiro e a humidade reduzem a aderência dos pneus e aumentam o risco de despistes. Carles Llinàs, instrutor de condução segura do RACC, lembra que “as primeiras gotas de água são as mais perigosas”, sobretudo quando há muito tempo que não chove e se forma uma película de sujidade sobre o asfalto.
Segundo o especialista, citado pelo jornal espanhol La Vanguardia, a verificação do estado dos pneus deve ser a primeira preocupação antes de sair à estrada. “Um pneu novo tem cerca de 8 milímetros de profundidade no piso, e o limite legal é de 1,6 mm, demasiado pouco”, alerta. Aconselha a não descer abaixo dos 3 mm para garantir uma boa evacuação da água e evitar a perda de controlo.
A ameaça do aquaplaning e como evitá-la
O fenómeno do aquaplaning ocorre quando o pneu já não consegue eliminar toda a água da via, criando uma fina camada que o faz “flutuar”. A partir dos 60 ou 70 km/h o risco aumenta significativamente, e basta um pequeno excesso de velocidade para que o veículo deixe de responder.
Llinàs sublinha que, nestas condições, o essencial é reduzir a velocidade, manter a distância de segurança e evitar manobras bruscas. “Mesmo com pneus em bom estado, se houver sujidade ou poças, o carro pode patinar”, explica.
Como reagir se o carro começar a patinar
Se o condutor sentir o veículo a deslizar, deve retirar o pé do acelerador, segurar firmemente o volante e tentar controlar a trajetória. “Hoje todos os carros têm ABS, por isso não tenha medo de travar, o importante é reduzir a velocidade de impacto”, reforça o instrutor.
Em caso de perda total de controlo, o especialista recomenda não fazer movimentos repentinos. Quanto mais suave for a reação, maior a hipótese de recuperar o domínio do automóvel.
A distância de segurança que quase ninguém cumpre
Outro dos erros mais frequentes é circular demasiado próximo do carro da frente. “Em Espanha — e em Portugal também, falta cultura de distância de segurança. É por isso que nas autoestradas há acidentes com cinco ou seis carros seguidos”, observa.
A regra prática é simples: escolher um ponto de referência e contar três segundos desde que o veículo da frente passa por ele. Em dias de chuva, deve acrescentar-se um segundo extra, já que o tempo de travagem aumenta drasticamente.
A 120 km/h, um automóvel percorre 33 metros em apenas um segundo. Somando o tempo de reação do condutor e a distância de travagem, são necessários entre 80 e 100 metros para parar completamente. “Quem conduz com chuva e se cola ao carro da frente não tem hipótese de reagir a tempo”, avisa o especialista.
Folhas, óleo e sujidade: um cocktail perigoso
O outono traz também outro risco: as folhas molhadas. Sozinhas, não causam grandes problemas, mas quando se misturam com água e óleo reduzem muito a aderência. Por isso, deve diminuir-se a velocidade em curvas e zonas arborizadas.
O especialista lembra que este perigo não se compara ao do aquaplaning, mas ainda assim pode provocar derrapagens inesperadas, sobretudo em veículos com pneus gastos.
A condução sob nevoeiro exige disciplina e calma
Com nevoeiro, as precauções devem ser redobradas. “A única regra é reduzir a velocidade e aumentar a distância. Conduzir devagar é a melhor forma de evitar surpresas”, aconselha Llinàs. Recomenda também usar as linhas da estrada como referência e garantir que as luzes e os vidros estão limpos.
Limpar bem o interior do para-brisas faz diferença
O instrutor recorda ainda um detalhe muitas vezes esquecido: “Há carros com 15 anos em que parece que nunca limparam o vidro por dentro”. O ideal é usar um pano de algodão seco, evitando produtos que deixem película e diminuam a visibilidade.
Segurança começa antes de arrancar
Manter pneus em bom estado, verificar a pressão e adaptar a velocidade são gestos simples que fazem toda a diferença, de acordo com o La Vanguardia. Conduzir no outono exige mais atenção, mas também respeito pelas leis da física, porque bastam alguns segundos de distração para perder o controlo.
















