A frase “mulher ao volante, perigo constante” é comum de se ouvir no nosso país, mas o que é certo é que no que diz respeito ao risco associado a acidentes, as estatísticas contradizem precisamente essa frase. Mas será que por as mulheres terem menos acidentes pagam um seguro automóvel mais barato do que os homens? Saiba agora mais neste artigo com a ajuda do Polígrafo e da DECO Proteste.
“De acordo com dados da Direção Geral de Trânsito (DGT) de Espanha, os homens cometem cinco vezes mais infrações rodoviárias por consumo de álcool e drogas do que as mulheres e sofrem duas vezes mais acidentes fatais.E olhando para a realidade portuguesa, como dá conta a associação Prevenção Rodoviária Portuguesa com base em dados da ANSR/IMT, o número de vítimas mortais por milhão de condutores com carta de condução é 7,5 vezes mais alto nos homens (89,2) do que nas mulheres (11,9)”, refere o Polígrafo.
Desde 2008 que existe legislação que proíbe a discriminação com base no sexo nos prémios e prestações de seguros. Inicialmente, esta lei permitia diferenciações nos prémios e prestações individuais de seguros e outros serviços financeiros, “desde que proporcionadas e decorrentes de uma avaliação do risco baseada em dados actuariais e estatísticos relevantes e rigorosos”, cita o Polígrafo.
No entanto, refere ainda a mesma fonte que “essa exceção acabou por ser retirada da equação quando a lei foi reforçada na sequência de um acórdão do Tribunal de Justiça da União Europeia que ‘declarou inválida a derrogação ao princípio da igualdade de tratamento que permitia aos países da União Europeia diferenciar entre homens e mulheres no que diz respeito a prémios e prestações de seguros, com efeitos a partir de 21 de dezembro de 2012’.
Para Sandra Justino, especialista em seguros da DECO Proteste, o sexo não é um dos fatores utilizados como critério de um seguro automóvel ficar mais barato ou mais caro.
Então qual é o critério para a definição do preço do seguro automóvel?
De acordo com a mesma especialista, há vários fatores a considerar na determinação do preço da responsabilidade civil de um seguro automóvel, tais como o “tipo de veículo (ligeiro de passageiros, ligeiro de mercadorias, etc.), a sua classe de cilindrada e o capital seguro”.
No que toca ao seguro de danos próprios, Sandra Justino explica que “o prémio é definido em função do capital seguro, que corresponde ao valor comercial do veículo e o “valor diminui ao longo dos anos. As seguradoras estão obrigadas a atualizar o preço anualmente, recorrendo para o efeito às tabelas de desvalorização automática”.
“O prémio, contudo, e contrariamente ao que seria de esperar, não diminui significativamente, podendo até aumentar em alguns casos. Isto deve-se ao facto de as seguradoras aplicarem tarifas crescentes com a idade do veículo, alegando estar a refletir o aumento do risco com a antiguidade, o que, na prática, compensa a descida do prémio em consequência da diminuição do capital”, explica ainda Sandra Justino.
Há outros fatores que influenciam o prémio tais como: “as características do condutor ou do próprio veículo, como a idade e a experiência de condução”, além do histórico de sinistralidade do condutor que “é sempre tipo em consideração uma vez que as seguradoras reduzem o prémio proporcionalmente ao número de anos sem sinistros e agravam-no em função dos acidentes participados”, refere a especialista.
É dado o exemplo de “um condutor com idade inferior a 25 anos e carta de condução há menos de dois poderá ter de pagar um prémio 40 a 100% superior ao de um condutor experiente”. A zona de residência é também considerada e Lisboa e Porto são tidas como “zonas de risco agravado e, por isso, os seguros são mais caros do que noutras zonas do país, como o Alentejo, por exemplo e o ano de matrícula do veículo e, consequentemente, o seu valor de mercado”, salienta Sandra Justino.
Como se pode concluir, a questão do sexo não é levada em conta para se um seguro automóvel fica mais barato, “quase se pode dizer que o preço do seguro automóvel é distinto de condutor para condutor, pois as variáveis que fazem variar o preço são muitas”, finaliza a especialista.
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