O recrutamento dos futuros polícias vai passar a incluir, a partir de 2022, testes de personalidade para despistar eventuais ligações à extrema-direita ou comportamentos contrários ao Estado de Direito, segundo a Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI).
Os novos critérios de seleção dos futuros elementos da PSP, GNR e SEF inserem-se no Plano de Prevenção de Manifestações de Discriminação nas Forças e Serviços de Segurança, um documento elaborado pela IGAI e que conta com a participação destas três instituições.
O documento foi aprovado no passado mês de março e está “praticamente executado”, sendo apresentado até ao final do ano o relatório de monitorização, disse à agência Lusa a inspetora-geral da administração interna, Anabela Cabral Ferreira, que juntamente com o subinspetor-geral, José Vilalonga, fez um balanço deste plano que tem como objetivo prevenir qualquer forma de discriminação nas polícias.
O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia considera positivo que o recrutamento dos futuros polícias inclua testes de personalidade para despistar eventuais ligações à extrema-direita ou comportamentos contrários ao Estado, mas Paulo Santos sublinha que também é fundamental rever os critérios para que esta profissão seja mais atrativa.
“Nós, enquanto sindicato responsável, acreditamos que o melhor é aumentar naquilo que é a triagem, na formação, na seleção, para que, dessa a forma, a polícia possa ter os melhores elementos”, afirma, em declarações à TSF. Paulo Santos alerta, no entanto, que “não basta apenas pegar em alguns critérios, mas fazer uma avaliação mais global daquilo que é a atratividade da carreira”.
“Só o facto de a carreira policial não estar a ser atrativa por razões várias, desde logo a questão remuneratória, dos suplementos, da mobilidade. Há aqui um conjunto de situação que têm de ser acauteladas e não só colocar a tónica na perspetiva daquilo que são os receios e os anseios que alguns setores tendencialmente gostam de rotular”, acrescenta.
Segundo a IGAI, no âmbito do plano foi criado um grupo de trabalho, que integrou membros das forças e serviços de segurança, psicólogos e algumas pessoas ligadas aos recursos humanos, que resultou pela introdução de novos campos no processo de seleção dos futuros polícias.
“Na área do recrutamento, o que estava previsto no plano era definir e reforçar critérios de recrutamento de forma a poder despistar comportamentos contrários ao Estado de Direito, falta de empatia, agressividade, era aqui que se previa a constituição de um grupo técnico e isso foi feito”, disse Anabela Cabral Ferreira.
Por sua vez, José Vilalonga precisou que no recrutamento “foram estabelecidas alterações aos métodos de recrutamento inserindo alguns campos de análise relacionados com aspetos de personalidade que tentam avaliar questões tais como o nível de empatia e adesão aos valores do Estado de Direito”.
Segundo a IGAI, estas mudanças no recrutamento, nomeadamente ao nível dos testes de personalidade, vão ser concretizados no próximo ano.