No coração do Mar Báltico está a ser construída uma das maiores obras de engenharia do mundo: um túnel subaquático que ligará diretamente a Dinamarca à Alemanha. Este projeto ambicioso, planeado há décadas, promete revolucionar a mobilidade na região, mas não está isento de desafios e polémicas. Saiba mais agora neste artigo.
A ligação fixa de Fehmarn, conhecida como Fehmarn Fixed Link, irá conectar a ilha dinamarquesa de Lolland à ilha alemã de Fehmarn. Faz parte do corredor de transportes Scan-Med, que atravessa a Europa de sul a norte, desde Malta até à Finlândia. Quando estiver concluído, este túnel permitirá reduzir o trajeto em cerca de 350 quilómetros, tornando o transporte de pessoas e mercadorias muito mais eficiente.
Após anos de planeamento e debates, a construção já está em curso, com conclusão prevista para 2029. Mais de metade do espaço onde será instalado o túnel já foi escavado, enquanto as secções por onde irão circular os veículos estão a ser construídas em terra firme. Depois de prontas, estas secções serão transportadas e colocadas no fundo do mar.
A envergadura deste projeto é impressionante: mais de 2.000 trabalhadores estão envolvidos na obra, considerada uma das mais importantes da história europeia. O túnel terá faixas tanto para tráfego rodoviário como para comboios, permitindo uma ligação muito mais rápida entre a Dinamarca e a Alemanha. A expectativa é que este percurso reduza significativamente o tempo de viagem, mas viajar quase 20 quilómetros sob o mar será uma experiência incomum para muitos.
A estrutura do do maior túnel subaquático do mundo será composta por 90 secções de betão, cada uma com 200 metros de comprimento e 42 metros de largura. Cada elemento terá dois tubos para circulação de automóveis, dois para comboios e um para acessos técnicos. Após serem construídas em solo firme e testadas para garantir que são totalmente estanques, as secções serão instaladas a 30 metros de profundidade. A água será então removida através de um sistema de bombeamento.
Segundo Gerhard Cordes, diretor de construção de túneis, este método de construção foi cuidadosamente planeado para garantir a resistência da estrutura. “Construímos as secções como uma peça única. Normalmente, constroem-se as fundações, depois as paredes e, por fim, o topo, mas aqui tudo é feito em conjunto para controlar qualquer tensão que possa surgir. É essencial evitar fendas e garantir que cada compartimento seja completamente estanque”, explicou Cordes.
Apesar das vantagens evidentes, o projeto não está isento de críticas, especialmente por razões ambientais. A instalação do túnel exige modificações significativas no fundo do mar, o que levanta preocupações sobre a biodiversidade do Mar Báltico. A destruição de recifes na zona de construção atrasou as obras, pois foram necessários estudos para minimizar os impactos ambientais.
O ativista ambiental Hendrick Kerlen alertou para as possíveis consequências da construção do maior túnel subaquático do mundo. “A ecologia do Cinturão de Fehmarn é muito diversa. A turbulência nesta zona reduzirá o crescimento de macrófitas e plâncton e, claro, terá um impacto em toda a fauna e flora marinhas”, afirmou Kerlen ao portal ‘B1M’. Como compensação, a empresa responsável pelo projeto comprometeu-se a instalar novos recifes artificiais noutra parte do Mar Báltico, cobrindo uma área maior do que a afetada.
O custo total deste megaprojeto está estimado em 7,5 mil milhões de euros, sendo financiado principalmente pelas portagens que serão cobradas pelo uso do túnel. Quando estiver concluído, espera-se que 111 comboios e mais de 12.000 automóveis utilizem diariamente esta infraestrutura, reduzindo distâncias e tempos de viagem de forma significativa, escreve a Executive Digest. Em menos de cinco anos, o mundo poderá testemunhar a inauguração da maior estrada submarina do planeta.
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