Após vários anos de discussão sobre a localização do novo aeroporto, continuamos sem uma solução. E é nesse sentido que Manuel Tão, doutorado em economia dos transportes, refere que, quando os aeroportos de Lisboa e Faro vierem realmente a ter problemas, teremos de “lançar mão” da infraestrutura em Beja.
Em entrevista à Rádio Renascença, o investigador da Universidade do Algarve demonstra não acreditar que o problema dos aeroportos portugueses não ficará resolvido nos próximos 20 anos, criticando ainda o tempo perdido a discutir um novo aeroporto de Lisboa.
“Quando viermos a ter problemas, quer na Portela, quer em Faro, vamos ter que lançar mão de uma infraestrutura que já existe, que é o aeroporto de Beja, independentemente de menos valias ou das mais valias que aquilo tenha. Vamos ter que construir acessibilidades para Beja ou reforçar as que existem particularmente a nível ferroviário, porque não vamos ter alternativa”, refere Manuel Tão, em declarações à Renascença.
O especialista em mobilidade acrescenta ainda que seremos confrontados com uma incapacidade de realização nos próximos 10 a 15 anos e que, por constrangimentos financeiros e políticos, não acredita que seja numa década que o problema aeroportuário seja resolvido.
Manuel Tão abordou ainda o tema da linha de alta velocidade, referindo acreditar que é agora que o projeto sairá do papel, mas coloca alguns pontos de interrogação. Um deles está relacionado com a “falta de capacidade da Linha do Norte, que é um eixo onde vão convergir outras linhas que se projetam para o próprio interior do país, como a Linha da Beira Alta, a Linha do Douro, e as linhas para o Algarve e para o Alentejo”.
Outro fator de limite, segundo o especialista, tem a ver com questões externas, mais especificamente a disponibilidade dos fundos europeus. “Das duas uma, ou se usam estes fundos europeus agora, ou nunca mais se usam, porque o cenário pós-2030 vai ser muito complicado. Vamos ter adesões de novos Estados-membros e vamos ter o problema da reconstrução da Ucrânia, e os fundos europeus podem estar em risco, pelo menos na forma à qual estamos habituados”, conclui Manuel Tão sobre este tema.
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