No mundo das redes sociais, o TikTok tem sido um fenómeno global, acumulando milhões de utilizadores em poucos anos. Apesar do seu sucesso, surgem preocupações sobre a forma como esta aplicação, de propriedade da empresa chinesa ByteDance, recolhe e utiliza os dados pessoais dos utilizadores. Vários relatórios apontam para possíveis riscos de privacidade e para eventuais influências governamentais que podem pôr em causa a segurança dos dados. Abaixo, apresentamos informações que ajudam a esclarecer este tema, com base em fontes especializadas e entidades governamentais.
De acordo com dados citados pela BBC News (2021), o TikTok foi lançado em 2016 na China e expandiu-se para o mercado internacional ao fundir-se com a plataforma Musical.ly, adquirida pela ByteDance em 2017. Nos anos seguintes, a aplicação cresceu de forma exponencial e tornou-se numa das mais descarregadas em lojas de aplicações móveis. O seu formato de vídeos curtos, aliado a um algoritmo de recomendação muito eficaz, contribuiu para o aumento da popularidade, sobretudo entre o público mais jovem.
Contudo, o crescimento rápido atraiu a atenção de especialistas em cibersegurança e legisladores de vários países, que começaram a questionar a forma como a empresa gestora da aplicação lida com os dados dos utilizadores. Um dos receios mais comuns está relacionado com a possibilidade de o governo chinês ter acesso a informações pessoais, dado que a ByteDance tem sede em Pequim. Um estudo da Universidade de Massachusetts (2022) alerta que as leis chinesas permitem que as autoridades solicitem dados a empresas tecnológicas nacionais em determinadas circunstâncias, facto que levanta inquietações quanto à proteção de dados de utilizadores fora da China.
Entidades oficiais também se têm mostrado vigilantes. Em 2023, a Comissão Europeia proibiu que os seus funcionários instalassem a aplicação em dispositivos institucionais, por considerar que não havia garantias suficientes quanto à segurança da informação. Nos Estados Unidos, o governo tem vindo a pressionar para que a aplicação seja banida em dispositivos governamentais, alegando a possibilidade de espionagem e recolha de dados sensíveis. A CNN (2022) divulgou que vários estados norte-americanos já avançaram com restrições nesse sentido, embora o processo legislativo seja complexo e variável consoante a jurisdição.
Para além da questão governamental, o TikTok Privacy Policy indica que a aplicação recolhe informações como a localização, o modelo do dispositivo, a rede utilizada e até dados biométricos, dependendo do país. Embora a empresa alegue que o objetivo seja melhorar a experiência do utilizador e que esses dados estejam protegidos, críticos apontam que o armazenamento e a forma de processamento destas informações podem expor utilizadores a riscos não controlados. A aplicação tem ainda sido alvo de investigações sobre a difusão de desinformação e conteúdos potencialmente nocivos para menores, uma vez que grande parte do seu público é constituída por adolescentes e jovens adultos.
Estes fatores levaram a que especialistas em segurança digital recomendassem a eliminação ou não instalação do TikTok, ou pelo menos que se adotassem medidas de proteção rigorosas. O TechCrunch noticiou que várias instituições públicas e privadas, tanto na Europa como nos Estados Unidos, recomendam limitar a utilização da aplicação a dispositivos pessoais, sem acesso a informação sensível. Muitos profissionais de empresas com dados confidenciais foram aconselhados a não ter a aplicação instalada em telemóveis que lidem com informação interna.
Outra questão referida por investigadores é a influência do algoritmo do TikTok na formação de opiniões e comportamentos. O The Verge relatou que existem evidências de que a plataforma pode favorecer determinados conteúdos, manipulando a perceção dos utilizadores e limitando a diversidade de tópicos apresentados. Embora isso também ocorra em outras redes sociais, a combinação do rápido crescimento do TikTok e da sua capacidade de reter a atenção do utilizador intensifica o problema, tornando-o um tema de debate constante entre especialistas em comunicação digital.
Em resposta às críticas, a ByteDance diz ter vindo a reforçar a transparência na política de privacidade, anunciando a abertura de centros de dados na Europa para armazenar informação de utilizadores europeus e prometendo maior independência na gestão desses dados. Ainda assim, estas medidas não têm sido suficientes para dissipar as dúvidas sobre a eventual influência do governo chinês, principalmente devido à legislação chinesa que permite acesso a dados sob certas circunstâncias.
Enquanto utilizador, se tens o TikTok instalado, é importante estar consciente dos possíveis riscos associados ao seu uso. Manter a aplicação atualizada, rever as configurações de privacidade e considerar a eliminação de conteúdos sensíveis são passos recomendados por especialistas em segurança cibernética. Ainda assim, a alternativa que alguns apontam é simplesmente apagar a aplicação, sobretudo caso exista preocupação com a proteção de dados pessoais ou receio de eventuais acessos indevidos.
Embora o TikTok continue a ser uma plataforma de entretenimento muito popular, os alertas sobre questões de privacidade e segurança estão a levar cada vez mais pessoas e instituições a rever a sua posição. Em última análise, cabe a cada utilizador decidir se os potenciais riscos superam ou não os benefícios de utilizar a aplicação.
Referências utilizadas para este artigo:
- BBC News (2021) – TikTok’s rapid rise and controversies
- CNN (2022) – US States restricting TikTok usage
- Comissão Europeia (2023) – Proibição de instalação de TikTok em dispositivos institucionais
- TikTok Privacy Policy
- Estudo da Universidade de Massachusetts (2022) – Data protection concerns in Chinese social media
- TechCrunch – Corporate and public institutions’ concerns about TikTok
- The Verge – Algorithmic influence and content favoritism on TikTok
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