Um sistema de climatização alemão que não consome eletricidade e é inspirado na forma como as pinhas reagem ao clima foi desenvolvido por investigadores alemães. Esta inovação promete revolucionar a forma como os edifícios lidam com a temperatura e humidade, reduzindo drasticamente o consumo de energia e, consequentemente, as emissões de CO₂.
Os edifícios e o setor da construção são responsáveis por 37% das emissões globais de CO₂, tornando imperativa a adoção de soluções mais sustentáveis. Nesse contexto, o papel das fachadas ganha destaque, uma vez que funcionam como barreiras térmicas, regulando a temperatura interna e reduzindo a necessidade de aquecimento ou arrefecimento. Inspirados na natureza, cientistas das universidades de Estugarda e Friburgo conceberam o Solar Gate, uma fachada adaptativa que utiliza materiais naturais para responder passivamente às condições climáticas, sem depender de energia elétrica.
Um sistema inovador inspirado nas pinhas
O Solar Gate utiliza o conceito de higromorfismo, uma propriedade presente em materiais como a celulose, que expande ou contrai consoante os níveis de humidade, como explica a Executive Digest. Este mecanismo natural é o mesmo que permite que as pinhas abram ou fechem, dependendo do clima. Aproveitando este princípio, os investigadores desenvolveram um sistema que se ajusta automaticamente às condições externas, abrindo para deixar entrar luz e ar em ambientes húmidos e fechando para bloquear o calor em condições secas.
Achim Menges, diretor do Design Institute Computing and Construction da Universidade de Estugarda, explicou que o objetivo era eliminar a necessidade de componentes mecânicos ou energéticos. “Explorámos como o próprio material pode ser reativo, utilizando design computacional e impressão 3D”, afirmou. A solução baseia-se numa estrutura de camada dupla feita de fibras de celulose, fabricada através de impressão 4D, uma evolução da impressão 3D que permite criar objetos capazes de mudar de forma quando expostos a estímulos como temperatura ou humidade.
Benefícios e impacto no futuro da arquitetura
Além de ser funcional, o Solar Gate também é esteticamente inovador, replicando os movimentos naturais das plantas. “A Solar Gate não herda apenas a funcionalidade e eficiência dos sistemas biológicos, mas também a sua estética”, destacou Thomas Speck, líder do Grupo de Biomecânica Vegetal da Universidade de Friburgo.
O impacto deste sistema alemão pode ser significativo, uma vez que permite reduzir a necessidade de sistemas tradicionais de climatização, contribuindo para edifícios mais eficientes e menos dependentes de energia. Este avanço demonstra como a combinação entre biomimética, design avançado e materiais sustentáveis pode transformar o setor da construção.
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