A trajetória ascendente dos preços das casas em Portugal, mantida ao longo da última década, não deverá sofrer alterações significativas no próximo ano, apontam especialistas do setor imobiliário. Ainda que se antecipe um abrandamento na procura e nas transações, a escassez de oferta persistente continua a ser um fator determinante na estabilidade dos preços.
Segundo dados provisórios apresentados pela JLL, prevê-se um encerramento do mercado imobiliário em 2023 com uma redução de 20% nas transações de habitação, atingindo cerca de 133 mil negócios em comparação com os 168 mil registados em 2022. Segundo o Eco, o volume de negócios também deverá diminuir em aproximadamente 16%, totalizando 27 mil milhões de euros, em comparação com os 32 mil milhões alcançados no ano anterior.
Apesar deste declínio no mercado, os especialistas entrevistados pelo ECO não preveem uma descida generalizada nos preços das habitações em 2024. Patrícia Barão, responsável pela área residencial na JLL, destaca que o desequilíbrio persistente entre oferta e procura é um fator crucial que impede uma correção significativa nos preços. A previsão de uma retratação nas vendas, devido ao aumento da inflação e das taxas de juro, não se traduzirá, segundo Barão, numa descida generalizada dos preços.
Hugo Santos Ferreira, presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII), partilha da mesma opinião, enfatizando que a escassez de oferta continua a ser um obstáculo significativo, mesmo perante um ligeiro abrandamento na procura.
No segmento de habitação de luxo (prime), tanto promotores como consultoras preveem um aumento de 2% nos preços em 2024, considerando a persistente escassez de oferta nesta categoria e a notável resiliência do mercado de luxo.
Apesar do possível abrandamento nas transações e na procura, a previsão generalizada é de que os preços da habitação se mantenham estáveis em 2024. Esta continuidade na trajetória ascendente é apoiada pela falta de um incremento significativo na oferta, conforme destaca Paulo Caiado, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária (APEMIP).
No segundo trimestre de 2023, o índice de preços da habitação em Portugal aumentou 8,7% em comparação com o mesmo período do ano anterior, revela o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os dados do Eurostat indicam que, entre 2010 e o segundo trimestre de 2023, os preços das casas em Portugal registaram um aumento significativo de 93%, posicionando o país como o sétimo com maior incremento na Zona Euro desde 2010.
Este cenário, porém, coloca desafios à aquisição de casas, especialmente para as famílias mais jovens, conforme alerta o Banco de Portugal.
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