A preparação para este desafio passa pelo Algarve, mais concretamente pela Escola Secundária Júlio Dantas, em Lagos, onde o patinador de 29 anos treina, quase todos os dias, numa das duas pistas apropriadas para a modalidade na região.
Foi aos quatro que Diogo calçou os primeiros patins e aos 16 ganhou a primeira medalha de campeão da Europa.
Desde 1998 ligado ao Roller Lagos, Diogo Marreiros acumula feitos sobre rodas, com vários títulos de vice-campeão europeu e o de vice-campeão do mundo 10km Pontos, obtido em 2018 nos Países Baixos, tendo agora como desafio a presença nas competições olímpicas de inverno.
Diogo Marreiros confessou à Lusa sempre ter tido a “curiosidade de experimentar” a patinagem no gelo, sem objetivo de “participar nos Jogos Olímpicos”.
No entanto, o convite do atleta luso-holandês Fausto Marreiros, que representou Portugal nos Jogos de Inverno em 1998, tornou “as coisas mais fáceis”.
Começou, em 2017, às suas custas, com verbas que “guardava das competições de rodas”, tendo mesmo feito uma campanha de ‘crowd founding’ para custear a preparação no gelo. Uma situação ultrapassada com o apoio da Federação de Desportos de Inverno de Portugal (FDI-Portugal) e o acesso a uma bolsa olímpica.
Nos últimos quatro anos tem feito a preparação durante a época de inverno na Alemanha e nos Países Baixos, onde foi melhorando a sua “técnica e a forma física”, que lhe permitiram a “qualificação para as taças do mundo” marcadas para o final do ano.
“As taças do mundo vão-se disputar entre 14 de novembro e 14 de dezembro, são quatro fins de semana seguidos na Polónia, na Noruega, no Canadá e nos Estados Unidos. O ranking final dessas quatro [provas] juntas vão determinar se poderei estar ou não presente na China em fevereiro”, realçou.
Diogo Marreiros quer ser um dos 24 que irão representar os respetivos países na prova ‘mass start’ e mostra-se “confiante” num bom resultado, já que é a modalidade que mais se assemelha “às rodas” e à qual mais “depressa” se adapta, sendo disputada “em pelotão”.
Além da qualificação, outro passo importante para a candidatura olímpica passa pela “aceitação” de Portugal como membro da União Internacional de Patinagem (ISU), à qual pertenceu em 1998, quando Fausto Marreiros competiu em Magano, no Japão.
O processo tem-se revelado “algo complexo” devido aos requisitos bastante rígidos da ISU e difíceis de atingir por países com menos tradição nos desportos de Inverno, como é o caso de Portugal.
A pandemia também não tem facilitado a preparação, com o encerramento das pistas holandesas a encurtarem o período de treino, pelo que o regresso “ao gelo” está marcado para setembro, quando vai começar a afinar o ataque a Pequim2022, na Alemanha.
As pistas de gelo fecham “entre março e setembro” – à exceção de um pequeno período em julho e agosto – e muitos dos atletas europeus “rumam a países mais a sul”, para “manterem a preparação” até à reabertura da época.
O português assegura que vai conseguir manter o “nível competitivo e físico em alta” com a participação nas provas de patinagem em rodas, nas quais “ainda só” conseguiu ser “vice-campeão europeu e mundial”.
O Europeu vai ser em ‘casa’, entre 18 e 25 de julho, em Canelas, no concelho de Estarreja, enquanto o Mundial está previsto para Medelín, na Colômbia, de 04 a 11 de setembro.
Marreiros quer apresentar-se “em grande forma”, para enfrentar a qualificação olímpica: “Depois, é continuar e aproveitar esse bom momento para começar a preparação para o gelo e em novembro atacar a taças do mundo”
A confiança do patinador luso é reforçada pelo “maior apoio de equipa” nestas competições, contando, por exemplo, no Europeu, com a participação de “três elementos por equipa”.
E, para esse objetivo, Diogo Marreiros pode contar com os companheiros de equipa Miguel Bravo, Martyn Dias e Manuel Martins, parceiros de treino nas pistas da escola lacobrigense.