Em dois meses, causou cerca de 28% dos novos casos registados em Londres e no sul de Inglaterra, noticia a SIC NOTÍCIAS.
A nova variante do SARS-CoV-2, o vírus que causa a covid-19, está a ser estudada. Até agora, os investigadores acreditam que é mais transmissível do que a anterior, mas desconhecem o impacto que tem no corpo e no sistema imunitário.
O QUE SE SABE SOBRE ESTA VARIANTE?
A existência desta nova variante foi anunciada na segunda-feira, depois de terem sido detetados 1.100 casos de covid-19 causados por esta mutação do vírus. O aumento de casos nas regiões sul e leste de Inglaterra levou a que fosse elevado o risco de contágio nessas áreas.
Na declaração deste sábado, Boris Johnson avançou que esta nova variante tem uma propagação mais rápida, e os cientistas pensam que poderá ser, pelo menos, 70% mais transmissível do que a variante anterior.
“Como resultado da rápida propagação desta nova variante, os modelos de dados preliminarmente e o crescimento rápido de taxas de incidência no Sudeste, no Grupo de Consulta de Novas e Emergentes Ameaças de Vírus Respiratórios considera agora que esta nova corrente pode espalhar-se mais depressa”, explicou Chris Whitty, chefe de Gabinete Médico de Inglaterra
É MAIS AGRESSIVA PARA O SER HUMANO?
Até agora ainda não se sabe se esta variante do vírus será mais ou menos agressiva no desenvolvimento da covid-19 ou se irá influenciar a taxa de mortalidade da doença.
As mutações são uma constante nos vírus, sublinha Chris Whitty, mas é preciso uma combinação de fatores para que a alteração genética se torne uma nova variante. À Reuters, o especialista confirma que a taxa de mortalidade desta mutação está a ser analisada.
Os investigadores vão também observar o impacto deste vírus no sistema imunitário, a fim de perceber se a nova mutação altera em alguma forma a produção de anticorpos. A reação à vacina será também uma das respostas que os cientistas procuram. Em entrevista à Lusa, Constantino Sakellarides, antigo diretor da Direção-Geral da Saúde e atual membro do Conselho Nacional de Saúde Pública, considera que esta variante não deverá diminuir a eficácia da vacina.
“Pelo que se sabe, não é provável que afete a eficácia da vacina, desde que não interfira com o antigénio que está na coroa, o antigénio que estimula a reação imunitária”, disse o especialista.
No entanto, deixou uma ressalva: “Tudo isto é sob reserva, porque a informação que temos é escassa, mas desde que não haja interferência com esse antigénio, não há razão para pensar que a vacina não servirá na mesma para esta nova variante”.
Lembre-se que o Reino Unido começou a 8 de dezembro a vacinação dos grupos prioritários, depois de ter aprovado o fármaco produzido pela Pfizer/BioNTech.
QUANDO APARECEU A MUTAÇÃO?
Acredita-se que a primeira mutação terá aparecido a meio de setembro em Londres ou Kent. Em dois meses já tinha causado cerca de 28% dos casos de Londres e ainda mais casos no sudeste de Inglaterra, avança Whitty.
As autoridades de saúde britânica já alertaram a Organização Mundial de Saúde e estão “a analisar os dados disponíveis para melhorar o conhecimento” sobre esta nova variante.
ÁFRICA DO SUL TAMBÉM DETETA NOVA VARIANTE
Uma equipa de investigadores sul-africanos, liderada pelo Professor Tulio de Oliveira, detetou uma nova variante do coronavírus que atinge pacientes mais jovens, anunciou esta sexta-feira o ministro da Saúde.
“A variante ‘501.V2’ do vírus SARS-COV-2 foi identificada por investigadores sul-africanos e comunicada à Organização Mundial da Saúde (OMS)”, disse em comunicado o ministro Zweli Mkhize.
Os investigadores alertaram também o Reino Unido para a identificação da nova variante sul-africana, o que permitiu “estudar as suas próprias amostras e encontrar uma variante semelhante”.
“Foi a variante que estava a impulsionar o seu ressurgimento em Londres, levando a um anúncio feito no Parlamento e ao bloqueio instituído em Londres para conter a disseminação dessa variante”, salientou.
NOVAS MEDIDAS PARA CONTER A NOVA VARIANTE
Boris Johnson anunciou o aumento do nível de risco em Londres e no sudeste e este de Inglaterra. As regiões de nível quatro regressam a um confinamento obrigatório, como aconteceu durante o mês de novembro, e as viagens para o estrangeiro passam a ser proibidas, exceto por razões profissionais.
O comércio não essencial e os ginásios vão fechar durante o período de Natal e foi feito um apelo para que, quem possa, trabalhe a partir de casa. É também proibido sair das regiões identificadas como nível máximo de restrições.
Quanto ao Natal, a bolha de restrições altamente criticada vai também sofrer alterações. Até agora, era permitido que até três agregados familiares – pessoas que, sendo da mesma família, vivam juntas – durante cinco dias. No entanto, o encontro familiar passou a ser limitado ao dia de Natal. Em Londres e nas regiões que vão passar ao nível quatro, essa reunião fica proibida, noticia a SIC NOTÍCIAS.
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