A jornalista ucraniana Viktoria Roshchina, nas mãos dos serviços secretos russos desde 15 de março, foi libertada após gravar um vídeo a afirmar que as forças russas lhe salvaram a vida, noticiou esta terça-feira o jornal digital Hromadske, onde trabalha.
“A 21 de março, os ocupantes libertaram de cativeiro a jornalista do Hromadske Viktoria Roshchina. Agora, encontra-se em território controlado pelo Governo ucraniano e dirige-se para Zaporijia, onde se reunirá com a família”, escreveu o jornal.
Há algumas horas, órgãos de comunicação social pró-russos e canais da plataforma Telegram começaram a divulgar um vídeo em que a jornalista rejeita qualquer queixa contra os seus captores e diz que os russos lhe salvaram a vida.
Segundo o jornal digital em que trabalha, o vídeo era a condição para a sua libertação, e Roshchina gravou-o sob pressão.
A jornalista ucraniana foi detida pelos serviços de segurança russos (FSB, agência sucessora do KGB) ao regressar de uma reportagem sobre os efeitos da invasão russa da Ucrânia na cidade de Energodar, no leste do país.
O Hromadske denunciou o desaparecimento da sua jornalista, que trabalhava nas zonas leste e sul do conflito desde o início da ofensiva russa, e indicou que provavelmente estaria nas mãos do FSB.
FOTOJORNALISTA UCRANIANO DESAPARECEU HOJE
Entretanto, foi hoje noticiado o desaparecimento de um fotojornalista ucraniano numa zona de combate perto da capital, o que faz temer que tenha sido ferido, morto ou capturado pelas forças russas.
A agência noticiosa UNIAN indicou que é desconhecido o paradeiro de Maksym Levin desde 13 de março, data em que contactou um amigo de Vyshhorod, perto de Kiev.
O amigo, Markiyan Lyseiko, disse que Levin se deslocou àquela zona no seu veículo para documentar os combates ali em curso.
Segundo Lyseiko, Levin deixou o carro perto da aldeia de Huta Mezhyhirska e ia até à aldeia de Moshchun, não tendo voltado a contactá-lo ou sido visto ‘online’ desde então.
Maksym Levin tem trabalhado como fotojornalista e realizador de vídeo para muitas publicações ucranianas e internacionais.
A organização não-governamental (ONG) Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou na segunda-feira que um cidadão ucraniano que desde 2013 trabalha como ‘fixer’ (uma espécie de intermediário) e intérprete para a imprensa estrangeira, tendo passado pelos canais franceses France2, BFM TV e RFI, foi “repetidamente torturado” por militares russos depois de ter sido sequestrado a 5 de março.
Detido durante nove dias, o ‘fixer’ ucraniano de 32 anos foi preso numa cave gelada e “espancado com uma barra de ferro, torturado com eletricidade e submetido a morte simulada”, escreveu a ONG.
“Nikita (nome falso usado por razões de segurança) deu-nos um testemunho arrepiante que confirma a intensidade dos crimes de guerra cometidos pelo exército russo contra jornalistas. Passar o seu testemunho ao procurador do Tribunal Penal Internacional é o mínimo que podemos fazer por este jovem e corajoso ‘fixer’”, defendeu o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire.
Oleg Baturin, um jornalista ucraniano que foi libertado a 20 de março depois de ter estado oito dias nas mãos do exército russo e tratado de maneira semelhante a Nikita, declarou: “Eles queriam destruir-me, passar por cima de mim, para mostrar o que vai acontecer com todos os jornalistas, que serão mortos”.