O Conselho de Imprensa de Timor-Leste denunciou esta quarta-feira ameaças à liberdade de imprensa depois de duas jornalistas terem sido impedidas, na terça-feira, de realizarem o seu trabalho pelas forças de segurança.
“Especialmente no contexto da visita do Papa, o Conselho continua a exercer seu mandato para garantir e promover a liberdade de imprensa, permitindo que os meios de comunicação e os jornalistas realizem suas atividades jornalísticas de forma livre no contexto de cobertura e publicação”, afirmou o Conselho de Imprensa em comunicado lido aos jornalistas na sua sede em Díli.
“É fundamental que as entidades do Estado, especialmente órgãos como a polícia, respeitem o trabalho dos jornalistas em campo”, salientou.
Na terça-feira, as jornalistas timorenses Antónia Martins e Susana Cardoso foram impedidas pelas forças de segurança de fazerem a cobertura de um processo de despejo no mercado de Cômoro em Díli de vendedores ambulantes, tendo uma delas sido detida.
Para o Conselho de Imprensa, aquele tipo de ato “constitui uma ameaça à liberdade de imprensa em Timor-Leste, um país democrático” e representa uma “violação direta da Constituição”, que garante a liberdade de imprensa e o direito à informação.
“Além disso, a ação das autoridades de segurança ao deter jornalistas e confiscar ou danificar seus equipamentos também é uma violação da lei. Portanto, a conduta das autoridades de segurança pode ser vista como uma tentativa de censura à informação”, sublinhou.
Vários vídeos nas redes sociais mostram as bancas dos vendedores ambulantes a serem destruídas.
A sociedade civil timorense tem denunciado despejos “forçados e ilegais” realizados pelo Governo, sem terem sido apresentadas alternativas aos visados.
O papa Francisco realiza uma visita a Díli entre 09 e 11 de setembro.
Timor-Leste desceu 10 posições no ranking da liberdade de imprensa deste ano, em comparação com 2023, elaborado pelos Repórteres Sem Fronteiras, caindo da décima para a vigésima posição.
Segundo a organização, os jornalistas timorenses “conseguem geralmente cobrir a atualidade de forma livre e raramente são vítimas de assédio ou agressão”.
“No entanto, continuam a enfrentar pressões que os impedem de exercer livremente a sua profissão, nomeadamente processos judiciais e intimidações, violência policial e desprezo público dos meios de comunicação por parte de responsáveis políticos”, salientou o relatório.
Presidente da Autoridade Municipal de Díli condena violência contra povo
O presidente da Autoridade Municipal de Díli, Gregório Saldanha, condenou esta quarta-feira a violência usada contra vendedores ambulantes na capital de Timor-Leste, salientando que o povo continua a ser “vitimizado”.
“Como filho deste povo, como parte integrante deste povo, discordo e condeno estes atos de violência. Vitimizam o nosso povo continuadamente. Até hoje continuamos a vitimizar o nosso povo. Há outras formas de resolver estes problemas”, disse Gregório Saldanha.
Vários vídeos publicados nas redes sociais na terça-feira mostram bancas de vendedores ambulantes a serem destruídas. Duas jornalistas foram também impedidas de fazer a cobertura pelas forças de segurança, tendo uma acabado detida.
A sociedade civil timorense tem denunciado despejos “forçados e ilegais” realizados pelo Governo, sem terem sido apresentadas alternativas aos visados.
“Temos de criar condições, é critério básico. Estou aqui desde 01 de março e é preciso criar condições nos mercados. Apresentei, no orçamento para 2025, propostas para serem criadas condições nos mercados, incluindo de estacionamento. Temos terrenos em Hera para construir casas para que se possam mudar pessoas”, afirmou o presidente da Autoridade Municipal de Díli.
Para Gregório Saldanha, que falava aos jornalistas na sede da Autoridade Municipal de Díli, é preciso criar condições para colocar a população e é preciso resolver o problema, mas não com violência.
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