É principalmente nas zonas urbanas que o aumento de ninhos da vespa asiática em território nacional tem motivado cada vez mais preocupação, justificado pelo número elevado de reações alérgicas, mas sobretudo porque em alguns casos, a reação pode levar a um choque anafilático que exige tratamento rápido para evitar o resultado de uma possível morte.
Se já for alérgico à picada de vespa (vulgar) também pode ser alérgico à vespa asiática (velutina) e a reação que terá será idêntica, informa Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica. Mas, se for alérgico à picada de abelha em princípio não é alérgico à picada da vespa, contudo há casos de alergia aos dois venenos (abelha e vespa).
Segundo a especialista portuguesa da Organização Europeia de Defesa do Consumidor (BEUC), na área da saúde, Susana Santos, as vespas velutinas (ou vespas asiáticas) não são particularmente mais perigosas para o ser humano do que outras espécies, como as vespas europeias. Mas há que considerar certos aspetos da espécie velutina que justificam o número elevado de reações alérgicas. Em alguns casos, a reação pode levar a um choque anafilático que, se não for rapidamente tratado, pode resultar em morte.
“Esta espécie pode ser muito perigosa em caso de picadas repetidas ou quando as pessoas envolvidas são alérgicas ao seu veneno, o que pode levar a sintomas graves e, no pior dos casos, a um choque anafilático”, salienta Susana Santos na DECO Proteste.
O que fazer de imediato se for picado por uma vespa asiática
- Não aperte a zona atacada, nem use uma pinça, para evitar espalhar o veneno da vespa asiática. Deve lavar a picada com água e sabão.
- Para atenuar a dor e o inchaço, arrefeça a área afetada com uma compressa fria ou gelo envolto num pano. Em caso de necessidade, tome um analgésico (por exemplo, paracetamol ou ibuprofeno).
- Se sofrer uma alergia à picada destes insetos, sentir dificuldade em respirar ou a pressão arterial baixar, recorra imediatamente a um médico.
A especialista da DECO Proteste salienta ainda que nos casos de alergia severa ao veneno das vespas, “pode desencadear-se uma reação que envolve todo o organismo e ser fatal para a vítima da picada. Em regra, ocorre no período de uma hora após o indivíduo ser picado. Mas também pode iniciar após alguns minutos. Se não houver intervenção médica urgente, pode resultar na morte do paciente.
A Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) informa que, em caso de picada, “se não for alérgico não vai ter reação e não é preciso fazer nada. A aplicação de gelo no local da picada diminui a dor provocada pela picada”.
Reação local ou sistémica
No entanto, caso seja alérgico pode ter uma reação local ou sistémica. A SPAIC esclarece os procedimentos a tomar tendo em conta a diferença entre estes dois tipos de reação e que são os seguintes:
- Reação no local da picada, que se for exuberante (diâmetro >10 cm) deve tomar anti-histamínico em comprimido e nos casos mais graves ou se for picado na face (pálpebras, lábios) adicionar corticosteróide em comprimido. Se o inchaço das pálpebras e/ou lábios for muito exuberante deve ser observado por médico numa urgência do Centro de Saúde ou hospital.
- No caso de ser picado e ficar com urticária (babas e comichão) generalizada a todo o corpo, deve recorrer a um serviço de urgência para administração de anti-histamínico e corticosteróide endovenosos. No caso de anafilaxia (que pode ser muito grave ou mesmo fatal) que surge imediatamente após a picada (10-15 minutos) com falta de ar, sensação de desmaio, tonturas, aperto na garganta, língua muito inchada, comichão e vermelhidão por todo o corpo) deve chamar de imediato o INEM (112), deve pedir ajuda e deslocar-se imediatamente a uma urgência. Se for portador de uma caneta com adrenalina deve injetá-la imediatamente na face externa da coxa, deitar-se no chão com as perna elevadas ou sentar-se se estiver com muita falta de ar ou a vomitar.
Sinais de alerta em caso de choque anafilático
- comichão generalizada, sobretudo nas solas dos pés e nas palmas das mãos;
- urticária, ou seja, uma erupção cutânea, com o aparecimento de pequenas lesões rosadas ou avermelhadas (pápulas), acompanhadas de uma sensação de queimadura ou comichão;
- angiodema, que se manifesta através de inchaço nas zonas onde a pele está menos esticada, como é o caso das pálpebras, dos lábios, da face e do pescoço. Se afetar a laringe, o angiodema pode mesmo causar asfixia;
- dificuldade em respirar, o que se deve à constrição dos brônquios;
- náuseas, vómitos ou espasmos abdominais;
- tonturas ou perda de consciência, devidas à descida brusca da tensão arterial;
- estado de choque, com o pulso acelerado, ritmo cardíaco irregular e palidez.
Se tiver algum dos sintomas descritos ou estiver perto da vítima, peça a alguém que o leve ao hospital ou ligue imediatamente o 112.
Não esquecer que é importante denunciar a localização de um ninho através da linha SOS Ambiente e Território – 808 200 520 – do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR. Pode igualmente fazê-lo através da plataforma SOS Vespa, criada pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, ou mesmo través da Junta de Freguesia da área da observação do ninho. Sempre que possível, deve anexar uma fotografia da vespa ou do ninho para possibilitar a identificação.
Saber prevenir-se da picada de uma vespa asiática
A SPAIC recomenda que deve evitar locais onde estes insetos costumam estar (jardins, árvores, contentores de lixo), andar descalço na relva e desportos ao ar livre em parques sobretudo nos meses de verão, comer ao ar livre (a comida atrai as vespas) e movimentos bruscos.
Recomenda ainda proteger a face e cabeça com uma peça de vestuário e usar capacete e luvas quando andar de bicicleta. E relembra que os doentes alérgicos à picada destes insetos (himenópteros – abelhas e vespas) devem ser portadores de uma caneta de adrenalina e devem trazer sempre a caneta consigo.
Há ainda a recomendação da vacina com veneno de vespa (ou abelha), quando indicada, como o único tratamento de dessensibilização que protege e previne futuras reações em doentes alérgicos.
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