Perto de um quinto das 529 praias vigiadas para banhos, ao longo dos 943 quilómetros de costa continental portuguesa, têm um perigo à espreita: o de arribas instáveis. Se as frequentar, o melhor é estender a toalha a uma distância equivalente a uma vez e meia a altura da arriba e cumprir a sinalética existente no local.
Aproveitar a sombra da arriba, não é aconselhável, de todo, nestes casos.
Das 103 zonas balneares que têm este tipo de risco assinalado, 28 têm metade do areal em áreas de salvaguarda de arriba, segundo a portaria que define o início da época balnear. Ou nestes areais só são aconselháveis os banhos de sol numa faixa estreita junto à água.
Nas circunstâncias em que apenas 50% (ou menos na maré cheia) do areal é seguro estão 15 das 75 praias sinalizadas pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) como tendo arribas perigosas. São elas as da Arrifana, Beliche, Castelejo, Tonel, Benagil, Caneiros, Cova Redonda, Tremoços, Marinha, Vale Centeanes, D. Ana, Careanos e Coelha. Nas outras 60 sinalizadas pela APA entre Odeceixe e Albufeira, as zonas de risco de queda de pedras da arriba estão localizadas em alguns pontos, mas os areais são extensos e o uso não tão limitado.
Na costa Alentejana entre Setúbal e Aljezur só duas praias estão sinalizadas como de “uso limitado” – Portinho da Arrábida, em Setúbal e Alteirinhos, em Odemira. Porém, há mais 15 sinalizadas pela APA (Ouro, Prainha e Califórnia, no concelho de Sesimbra; Galapinhos, Galapos, Creiro, Albarquel, em Setúbal; Samouqueira, Serro de Águia e Ilha do Pessegueiro, em Sines; Malhão, Almograve, Nossa Senhora, Zambujeira do Mar, Amália e Carvalhal, em Odemira).
Já entre Alcobaça e Sesimbra, na região costeira do Tejo e Oeste, há 11 praias vigiadas sinalizadas como de uso limitado que são as mesmas sinalizadas pela APA: Água de Madeiros, em Alcobaça; Rei Cortiço em Óbidos, São Bernardino em Peniche; Formosa, em Torres Vedras:Peralta e Valmitão na Lourinhã, Coxos em Mafra; e Adraga, Azenhas do Mar, Magoito e São Julião, em Sintra. Em todas elas, a área segura corresponde a menos de 50% da praia.
MULTAS ATÉ €100
Mas o perigo só espreita se não se cumprir a sinalética. E nas praias vigiadas, o incumprimento pode levar ao pagamento de multas que vão de €30 a €100 para quem permanece ou circular nas zonas interditas, ou transpuser.as barreiras que sinalizam o perigo.
A APA lembra que “a beleza natural procurada pelos utentes destas áreas é, no entanto, indissociável do risco decorrente da instabilidade das arribas” Estas costas rochosas estão expostas à ação do mar, dos ventos, da chuva e de pequenos sismos, o que faz com que possam ser “um perigo” para quem as frequenta, já que os desmoronamentos são “muito variáveis no espaço e no tempo”, indica a APA..
A app “Info Praia” vai continuar a funcionar no verão de 2022, informando sobre o nível de ocupação das praias, de modo a que se façam opções quanto ao congestionamento dos areais.
BANDEIRAS AZUIS E DE OUTRO MULTIPLICAM-SE
Mas se a sinalética de risco é um senão, Portugal pode congratular-se com o facto de contar com 393 praias com Bandeira Azul, das quais 343 são costeiras (86 no Algarve, 32 no Alentejo, 63 no Tejo e Oeste, 31 no centro e 73 no Norte).
E a este galardão juntam-se outros. Há este ano 58 “Praias ZERO poluição” em 29 concelhos portugueses e só uma é interior (Albufeira dos Alfaiates no Sabugal). Uma avaliação das análises às águas balneares, feita pela associação ZERO, concluiu que estas 58 praias não registaram qualquer contaminação microbiológica nas três últimas épocas balneares.
Já a associação Quercus distinguiu este ano 440 praias com “Qualidade de Ouro”, das quais 359 são costeiras.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL