A médica, Diana Carvalho Pereira, responsável por denunciar alegados casos de erros e de negligência, no serviço de Cirurgia do Hospital de Faro, comentou este sábado, no seu Instagram, a questão da carta anónima enviada para várias entidades da saúde a denunciar a existência de queixas relativas ao cirurgião que foi nomeado pela Ordem para coordenar a Comissão Independente que investiga suspeitas de má prática no Serviço de Cirurgia do Hospital de Faro.
Sobre a carta anónima Diana Pereira revela que o seu advogado recebeu a carta no dia 20 de abril, “decidimos não fazer nada com ela, tendo apenas dado conhecimento ao bastonário de que a recebi também. O que iríamos fazer agora era unicamente a carta para o MP em conjunto com uma exposição com outros factos relevantes (que nem chegamos a enviar ainda). O autor da mesma deve ter decidido que era altura de a expor publicamente”.
A médica continua, “não conhecia o cirurgião mencionado nem tenho ligação nenhuma ao IPO do Porto, felizmente. Não conheço sequer um médico que trabalhe naquele serviço. Desconheço se o conteúdo da carta é verdadeiro ou não. O que sei e posso afirmar, até porque já o disse na imprensa, é que a comissão independente não me recebeu da melhor forma quando me convocaram para reunir”.
Diana enumera três pontos que a fazem duvidar da Comissão independente que investiga os casos denunciados por si.
“Primeiro, porque me queriam impedir de ter o meu advogado comigo, algo que é um direito meu enquanto denunciante. Lá aceitaram a custo mas contrariados; segundo, porque fui eu que fiz a queixa e fui a última a ser ouvida (desculparam-se dizendo que quando foram ao hospital queriam ouvir toda a gente envolvida, sendo que nunca ninguém me convocou oficialmente para nada) e terceiro e mais importante, porque parecia que aquela reunião foi um exame aos meus conhecimentos teóricos e não uma tentativa de apurar factos”.
A médica refere que “em todos os casos [denunciados], o problema era a idade do doente, os antecedentes cirúrgicos ou as comorbilidades. Nunca a técnica (ou falta dela) do cirurgião envolvido. Quem conhece o serviço e o cirurgião em causa, sabe que isto é muito maior que os 11 casos que denunciei. Sabe que há anos que tudo isto se passa reiteradamente e repetidamente sem haver um controlo adequado por parte das chefias”.
“Não tenho nada contra a Ordem dos Médicos, embora já tenha ouvido os mais variados relatos sobre a forma como lidam com estes casos. Se o conteúdo da carta é verdadeiro, eu não sei. O que sei é que independentemente disso, não confio na comissão pela forma como me abordaram. E quem deveria julgar efetivamente todos estes casos em termos técnicos deveria ser também pelo menos um perito médico legal, com legitimidade para avaliar dano corporal”, finaliza.