É oficial. A autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) confirmou a declaração feita pela TSF. Portugal vai receber 6.9 milhões de vacinas da farmacêutica AstraZeneca, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, caso esta se continue a mostrar eficaz nos ensaios.
A “vacina de Oxford” teve resultados promissores num ensaio de fase I e que envolveu 1.077 voluntários entre os 18 e os 55 anos. Os resultados foram publicados em julho na revista científica “The Lancet”. Nela, os investigadores apontaram que a vacina mostrou ser segura e que, em 90% dos casos, as pessoas desenvolveram anticorpos.
Segundo Lily Yin Weckx, coordenadora da III fase do ensaio clínico no Brasil e investigadora na Universidade Federal de São Paulo, “a vacina mostrou-se muito segura. Além disso, mostrou ser muito imunogénica, isto é, produz uma boa resposta imunológica, tanto com formação de anticorpos como de imunidade do tipo celular (glóbulos brancos específicos).”
Ela acrescentou ainda que “o que chamou a atenção nesses primeiros dados, é que se deu a um subgrupo pequeno de participantes uma segunda dose e que a segunda dose mostrou uma resposta ainda melhor. Isso poderá levar a estudos para avaliar se há realmente benefícios em dar duas doses”.
Mas será que os anticorpos criados pela vacina “vão ser capazes de proteger contra a doença?” Bem, essa é outra fase do estudo. “O facto de se produzir anticorpos é um dado muito, muito positivo, porque todas as vacinas começam com uma resposta imune, é a base para se continuar. Se tem uma resposta imune boa, muito provavelmente vai proteger”, acrescentou a investigadora.
O estudo mostrou que a produção de anticorpos se “dá ao final de, mais ou menos, um mês.” E “Quanto tempo vão durar? Ainda não sabemos”, respondeu.
Embora ainda esteja analisada e estudada ao pormenor, a vacina de Oxford é considerada pela Organização Mundial de Saúde como uma das mais fortes candidatas ao sucesso entre as 149 que estão a ser desenvolvidas em todo o mundo.
No início de julho, Sarah Gilbert, investigadora que lidera a equipa britânica, disse ao Comité de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Comuns no Reino Unido que a vacina pode vir a ser eficaz durante “vários anos”.
Segundo o espanhol ABC, a investigadora confirmou que os testes realizados até agora estão a apresentar resultados “promissores”, já que se está a observar uma “resposta imune correta”. E explicou ainda que a vacina será capaz de fornecer “melhor proteção do que a imunidade natural” que qualquer paciente recuperado possa desenvolver.
Mesmo assim, ressalvou que ainda não é possível dar uma data específica para a conclusão dos estudos e consequente fim do processo de desenvolvimento da vacina.
O governo britânico está otimista, mesmo assim, e indica que provavelmente em setembro ou outubro já será possível iniciar a produção da vacina.
Foi neste contexto que a União Europeia (UE) reservou 300 milhões de vacinas, com uma opção de mais de 100 milhões em nome dos Estados-membros. Com preços ainda a serem negociados, as vacinas serão compradas pelos países integrantes da UE, mas “parte do seu valor” será financiado pelo Instrumento de Apoio de Emergência que a Comissão Europeia criou durante a pandemia.
Segundo o Infarmed, “as vacinas serão distribuídas proporcionalmente, conforme o número de habitantes por país”. Dentro da remessa total, Portugal tem direito a receber 6,9 milhões.
“Se as doses forem individuais, serão suficientes para dois terços da população portuguesa”, afirma a TSF.
Segundo o Infarmed, a primeira remessa, de 690 mil vacinas, poderá chegar em dezembro. E afirma ao Jornal Público que “Portugal é um dos países europeus que irá beneficiar desta aquisição conjunta”, mas acrescenta que estão em curso “outros processos de negociação para a aquisição de vacinas para a Covid-19”.