A virologista Laura Brum explicou esta quarta-feira, na SIC Notícias, que a varíola dos macacos é um “vírus raro”, sendo este o primeiro surto registado em Portugal. A Direção-Geral da Saúde confirmou ontem a existência de cinco casos de infeção pelo vírus Monkeypox e de 15 casos suspeitos na região de Lisboa e Vale do Tejo.
De acordo com a virologista, a transmissão pode ser feita a partir de macacos selvagens ou de humano para humano. “Quando se transmite de humano para humano, caso a caso, a transmissão direta, não é por via aérea como o coronavírus. É por contacto próximo com as pessoas”, declarou.
Laura Brum ressalvou que, apesar de raro, o vírus é “normalmente benigno” e que os surtos “costumam ser auto limitados”, ou seja, “não se expandem muito”. “É uma doença que se resolve por si. Como grande parte das viroses que não têm tratamento específico”, disse.
AUMENTO DE CASOS DE COVID-19 E A NOVA LINHAGEM BA.5
Questionada sobre o aumento de casos de covid-19 em Portugal, a virologista referiu que a subida de infeções era “expectável dentro do curso e evolução do coronavírus”. De acordo com Laura Brum, a nova linhagem BA.5 da Omicrón será dominante já na próxima semana, com a possibilidade de serem “facilmente” ultrapassados os 1.000 casos por 100 mil habitantes.
“Esta nova variante BA.5 vem, segundo indicam, da África do Sul. Sempre falámos na questão dos países não Europa onde o controlo é pior e onde a cobertura vacinal é menor. E aqui vem mais uma sub-linhagem da Omicrón. (…) O primeiro país da Europa a que chega é Portugal”, afirmou.
A nova variante terá entrado em Portugal no início de abril, numa altura em que já se falava no fim das restrições, um passo que viria a ser dado em meados do mês. “Eu diria que houve uma coincidência não muito feliz”, disse a virologista, que fez questão de sublinhar que Portugal fez o correto ao aliviar as medidas restritivas.
HÁ RELAÇÃO ENTRE A COVID-19 E A HEPATITE ATÍPICA NAS CRIANÇAS?
Na Edição do Meio-Dia da SIC Notícias, Laura Brum esclareceu as informação recentes que apontam para uma possível ligação entre a covid-19 e os casos de hepatite aguda atípica em crianças. Segundo a virologista, a hipótese tinha sido logo levantada quando foram registados os primeiros casos, mas, na altura, não havia evidências que comprovassem a ligação.
Só mais tarde, quando os especialista iniciaram “um estudo para saber se as crianças tinham tido anteriormente a doença” é que se verificou a seguinte hipótese:
“Sendo o SARS-CoV-2 um vírus que induz uma grande resposta imunitária, há uma hipótese que essa resposta imunitária tenha, de qualquer forma, feito uma modificação que permitiu que outros vírus, como é o caso do adenovírus, tenham tido uma influência maior nas crianças”, explicou Laura Brum, acrescentando que esta é a única relação que se consegue estabelecer até ao momento.
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