Uma menina de 4 anos fracturou a tíbia devido a uma queda de bicicleta quando brincava com o irmão, acabando o gesso por só ser colocado no dia seguinte, “por falta de médico disponível no serviço de ortopedia do Centro Hospitalar Universitário do Algarve”.
Esta quarta-feira, um mês depois da recuperação, o ortopedista, o mesmo que atendeu inicialmente a criança, retirou o gesso e constatou que a menina tinha uma necrose no pé.
Segundo disse a mãe, Eudora Rosa, ao POSTAL, o ortopedista, Yves Jean Hallet, disse-lhe para ela não se preocupar e pôr betadine em casa.
Diz Eudora que saiu da consulta “em pânico” e que ligou de imediato para o marido a contar a situação: “ele disse-me para ir a minha médica e assim o fiz”.
No Centro de Saúde de Olhão, “quando cheguei e mostrei à minha médica de família e à enfermeira, nem acreditavam no que estavam a ver, ou seja, a minha filha tinha uma grande infecção. Tinha um buraco preto no calcanhar”.
Da fratura na tíbia com uma ferida ligeira na zona do calcanhar, essa ferida evoluiu para uma necrose. A família diz que vai denunciar o caso na ordem dos médicos e o Hospital de Faro já garantiu que vai abrir um inquérito interno de averiguação sobre este caso.
A pedido da administração, os pais voltaram ontem ao hospital, mas opuseram-se que a menina fosse visto pelo serviço de ortopedia. Do conselho de administração foi dito aos pais que ia ser aberto um inquérito interno, cujo resultado seria partilhado presencialmente com os pais. Nesse mesmo dia, as enfermeiras da pediatria tiram fotos às lesões, a pedido da administração.
“Ao apresentar queixa no hospital, mostrei a ferida às enfermeiras que estavam de serviço, incluído o enfermeiro que nos tinha atendido no primeiro dia, e ficaram chocados”, refere a mãe.
A mãe disse ao POSTAL lamentar que a ortopedia de Faro tenha neglicenciado a ferida ligeira que evoluiu para uma necrose. A 21 de abril, “não foi possível colocar gesso, pois não havia ortopedia, mas o enfermeiro que viu a minha filha disse logo que a menina teria que fazer penso, mesmo colocando o gesso”.
“Voltámos no dia seguinte para colocar o gesso e disse ao médico o que o enfermeiro me tinha dito, mas o ortopedista disse que não valia a pena fazer penso, pois era uma ferida pequena”.
“Nessa noite, a minha filha não dormiu cheia de dores e, após termos ligado para a Saúde 24, voltámos no dia seguinte ao hospital, onde outro médico, o Dr. Bernardo, voltou a dizer que não havia necessidade de fazer penso e voltou a pôr novo gesso, nem a receitar qualquer medicação”.
Passado um mês, o resultado da suposta recuperação chocou os pais e “a própria médica de família”, sendo que ”a enorme infeção obrigou a medicação e talvez a ter que fazer fisioterapia, depois do tratamento do pé e dela recuperar da necrose, sendo que a menina queixa-se de dores”.
O Conselho de Administração do CHUA já informou, em comunicado, que “irá proceder à abertura de um processo de inquérito interno no sentido de averiguar todos os factos junto dos serviços envolvidos”.