Roer as unhas, também conhecido como onicofagia, é um comportamento comum entre muitas pessoas. Algumas o fazem em momentos de ansiedade, enquanto outras tornam isso um hábito constante. Veja no artigo alguns perigos de roer as unhas no dia-a-dia.
Catarina Pinheiro, especialista em Medicina Geral e Familiar da clínica Personal Derma, foi contactada pelo Viral para explicar os potenciais riscos associados a esse hábito.
Segundo a especialista, roer as unhas é um comportamento frequentemente observado em crianças e em indivíduos que enfrentam situações de stress. No entanto, é fundamental destacar que a gravidade da onicofagia pode variar, e seus efeitos negativos tendem a ser mais significativos em pessoas que adotam esse hábito de forma crónica.
Complicações orais e dentárias
A onicofagia também está associada a complicações na cavidade oral e na saúde dentária. Este hábito pode causar lesões gengivais, levando à gengivite e à formação de abcessos.
Para além disso, pode contribuir para o desgaste excessivo dos incisivos e para problemas de oclusão dentária.
Dores e disfunções na articulação temporomandibular, responsável pelos movimentos de abertura e fechamento da boca, também foram relatadas em pessoas que roem as unhas de forma crónica.
Danos para as unhas e os dedos
Catarina Pinheiro explica que as complicações do hábito de roer as unhas não se limitam apenas às próprias unhas, podendo afetar a área ao redor da unha, a região periungueal. Em casos crónicos, pode ocorrer a perda parcial ou total da unha.
Isto pode levar a um encurtamento irreversível da unha e pode também resultar numa pigmentação longitudinal da mesma, conhecida como melanoníquia.
As pessoas que roem as unhas estão mais suscetíveis a infeções secundárias, como a paroníquia aguda, que ocorre devido à transmissão de bactérias da boca para os dedos.
Esta condição pode levar ao surgimento de tecido mole inflamado ao redor do leito ungueal, que pode evoluir para abcessos ou, em casos raros, para osteomielite, uma infeção nos ossos.
Risco aumentado de infeções gastrointestinais
É importante destacar que as pessoas que roem as unhas têm uma maior carga bacteriana na boca, incluindo bactérias da família “Enterobacteriaceae”, que torna mais propensas a infeções locais e sistémicas, especialmente no trato gastrointestinal, em casos de trauma oral ou ingestão de bactérias.
Como combater o hábito de roer as unhas?
Tratar eficazmente a onicofagia muitas vezes envolve uma abordagem multidisciplinar. Profissionais de manicure podem desempenhar um papel benéfico ao realizar a limagem e o corte preventivos das unhas, reduzindo o surgimento de cutículas lascadas e, assim, diminuindo a tentação de roer as unhas.
Outra estratégia envolve o uso de luvas ou ligaduras nos dedos como barreiras físicas, embora isso possa interferir com as atividades diárias. A aplicação de vernizes com sabores desagradáveis nas unhas também pode ajudar, mas é desaconselhada em crianças mais jovens, pois pode provocar resistência ao tratamento.
Uma técnica eficaz é o terapia de reversão de hábitos (TRH), que envolve a consciencialização dos fatores que levam ao hábito, a aprendizagem de comportamentos alternativos (fechar os punhos ao invés de roer as unhas) e o apoio social para superar a onicofagia.
Embora o uso de fármacos seja considerado um tratamento de segunda linha, alguns estudos exploraram o uso de antidepressivos e N-acetilcisteína com resultados promissores, embora não haja aprovação definitiva até o momento.
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