A pandemia de covid-19 no Algarve “está longe de estar controlada”, com alguns concelhos a aproximarem-se dos 480 casos por 100 mil habitantes, disse hoje o presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve.
“Estamos ainda longe do controlo desta situação e importa não relaxar naquilo que são as medidas instituídas”, disse Paulo Morgado, notando que o indicador que mede o risco de transmissibilidade da covid-19 (Rt) no Algarve é de 1,10, estando neste momento “acima da média nacional”.
Na conferência de imprensa quinzenal da Comissão Distrital de Proteção Civil, a delegada regional de Saúde, Ana Cristina Guerreiro, revelou que o número de casos nos concelhos de Portimão e Vila do Bispo se aproxima do risco de contágio muito elevado, que corresponde a mais de 480 casos por 100 mil habitantes.
Nos últimos 15 dias, o aumento do número de casos de covid-19 incidiu mais na região do barlavento (oeste) e na zona central do Algarve – onde se concentram as maiores cidades da região -, com o sotavento (leste) algarvio a ser “mais poupado”, acrescentou.
Atualmente, a maioria dos 16 concelhos do Algarve apresenta um risco moderado de contágio, havendo, no entanto, seis com risco elevado: Faro, Albufeira, Lagoa, Portimão, Lagos e Vila do Bispo, cujo número de casos oscila entre os 240 e os 480 por 100 mil habitantes.
“A situação, embora não esteja a agravar-se de forma pronunciada, ainda nos oferece alguma preocupação”, reforçou Paulo Morgado, alertando para o facto de a região ter “pela frente um período de várias semanas até se começar a ver o efeito das medidas”.
Segundo Ana Cristina Guerreiro, estão agora internados nos hospitais do Algarve 40 doentes com covid-19, 11 em Cuidados Intensivos – dos quais quatro estão ventilados – e 29 em Enfermaria.
Existem igualmente 2.790 pessoas em vigilância ativa, o “maior número desde o início da pandemia”, referiu, notando que o número de casos ativos na região cifra-se agora em 1.489.
Questionado pelos jornalistas se os hospitais no Algarve têm capacidade para um eventual crescimento do número de casos, Paulo Morgado sublinhou que “mais de 60% das camas [de Enfermaria] não estão ocupadas”.
“A capacidade instalada que temos é suficiente para a fase em que estamos”, considerou o presidente da ARS/Algarve, acrescentando que as camas “estão abertas, inclusive, para outras regiões, caso seja necessário.
Paulo Morgado notou ainda que a situação no Algarve é menos desfavorável que noutras zonas do país, não só por ter um número de casos inferior, como pelo perfil dos infetados, já que “uma parte significativa dos casos são em faixas etárias mais jovens, com risco de internamento inferior”.
Portugal contabiliza pelo menos 4.276 mortos associados à covid-19 em 285.838 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
O país está em estado de emergência desde 09 de novembro e até 08 de dezembro, período durante o qual há recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado.
Durante a semana, o recolher obrigatório tem de ser respeitado entre as 23:00 e as 05:00, enquanto nos fins de semana e feriados a circulação está limitada entre as 13:00 de sábado e as 05:00 de domingo e entre as 13:00 de domingo e as 05:00 de segunda-feira.