Até prova contrário, Portugal não vai avançar com a administração de uma quarta dose vacinal contra a covid para a população geral, nem mesmo para os mais idosos. O reforço, o segundo no caso, continua limitado aos doentes com imunossupressão grave, conforme recomendação da Direção-Geral da Saúde (DGS) desde meados de fevereiro.
Ao Expresso, peritos da Comissão de Vacinação contra a Covid-19 da DGS garantiram que, até ao momento, não existe qualquer elemento na situação epidemiológica do país que justifique uma alteração da estratégia definida e em vigor. Ou seja, não está demonstrada qualquer mais-valia na toma de uma quarta dose.
Mas, ainda assim, todas as opções continuam sob avaliação. Segundo os peritos, uma perda significativa da imunidade ou o aparecimento de uma variante capaz de ludibriar as defesas imunológicas são alterações que poderão justificar a administração de mais doses da vacina.
Em sentido contrário ao português, o Governo francês aprovou esta semana a quarta dose para a população com mais de 80 anos, vacinada com a dose de reforço há mais de três meses e com uma perda progressiva da imunidade.
O problema está na avaliação dessa fragilidade imunológica. Um estudo recente de investigadores do Centro Hospitalar do Médio Tejo concluiu que a redução de anticorpos, inclusive para valores próximos de zero, não se faz acompanhar por uma redução da imunidade celular, que se mantém elevada e que, acreditam os autores, será capaz de desencadear a produção imediata de novas defesas perante uma nova exposição ao vírus.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL