A farmacêutica norte-americana Moderna anunciou esta segunda-feira a construção da sua primeira fábrica africana de vacinas anti-covid-19, que será no Quénia, após assinar um acordo com o país para a produção de 500 milhões de doses por ano.
A empresa pretende investir 500 milhões de dólares (460 milhões de euros) nesta fábrica, que produzirá vacinas de RNA mensageiro para todo o continente africano, onde faltam ainda muitas doses para combater a covid-19.
“O combate contra a pandemia de covid-19 nos dois últimos anos relembrou o trabalho necessário para assegurar um acesso equilibrado à saúde. A Moderna está determinada a fazer parte da solução”, declarou em comunicado o diretor geral da empresa, Stephane Bancel.
A Moderna diz esperar que a fábrica comece no próximo ano a distribuir a sua vacina contra a covid-19 em África, com o objetivo de aumentar a cobertura vacinal dos países menos protegidos contra o coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19.
“O investimento da Moderna no Quénia ajudará a avançar para um acesso mundial equitativo às vacinas e é emblemático dos desenvolvimentos estruturais que permitirão à África tornar-se um motor de crescimento sustentável mundial”, disse o Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, citado no comunicado.
Mais de um ano após a administração da primeira dose de vacina anti-covid-19 no mundo, apenas 12,7% dos 1,3 mil milhões de africanos estão totalmente vacinados.
A pandemia revelou a enorme dependência africana de vacinas importadas.
No ano passado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou a criação de um centro de produção de vacinas na África do Sul, que terá como missão transferir tecnologias para outros países, nomeadamente o Quénia.
O diretor-geral da OMS, o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, apelou várias vezes a um acesso equitativo às vacinas para pôr fim à pandemia e criticou os países ricos por reterem doses de vacinas anti-covid-19.
Atualmente, apenas 1% das vacinas usadas em África são produzidas no continente.
Os países africanos, juntamente com outros países em desenvolvimento, reclamam junto da Organização Mundial do Comércio o levantamento dos direitos de propriedade sobre vacinas e tratamentos contra a covid-19, para permitir a produção de genéricos.
A Europa tem-se oposto a este pedido, afirmando que a prioridade é construir capacidade de produção nos países pobres.