As pessoas com Ómicron que são internadas passam, em média, menos quatro dias no hospital do que as infetadas com a variante Delta. O risco de internamento também é 75% mais baixo, conclui um estudo elaborado por mais de uma dezena de investigadores portugueses, coordenado pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e Instituto Dr. Ricardo Jorge (INSA), em colaboração com os laboratórios Unilabs, ABC e Cruz Vermelha.
Os autores apontam ainda para uma redução de 86% no risco de morte em doentes com Ómicron, quando comparado com a variante anterior, embora este valor seja mais “incerto”, lê-se no estudo publicado no final do mês de janeiro na plataforma MedRxiv, sem ter ainda sido sujeito à revisão dos pares.
O estudo conclui que os doentes infetados com a variante Delta ficavam, em média, 8,6 dias internados, enquanto com a Ómicron esse tempo desce para 3,7 dias. Depois de ajustado o valor, os investigadores concluem que, em média, são menos quatro dias de internamento, independentemente da idade, sexo, estado vacinal ou infeção prévia. “O tempo de permanência no hospital para doentes com Ómicron é significativamente menor do que com a Delta”, afirmam. “Este facto tem implicações importantes na gestão dos serviços hospitalares e irá reduzir o impacto das ondas de Ómicron nos sistemas de saúde.”
A menor severidade da doença covid-19 provocada por infeção com a variante Ómicron já tinha sido reiterada por vários estudos realizados em países como a Escócia, Inglaterra, Canadá e Estados Unidos, referem os autores, citando ainda outras investigações que apontaram para uma redução do risco de hospitalização entre 45% e 80%.
No período em que decorreu a observação para este estudo, entre 1 e 29 de dezembro, foram registadas 164 hospitalizações devido à Delta e 16 à Ómicron. O tempo médio entre a realização do teste positivo e a admissão hospitalar foi mais baixo com a Delta (3,4 dias) do que com a variante agora dominante (5 dias). Além disso, no período do estudo, houve 26 mortes de pessoas infetadas com a Delta, mas não se verificou nenhum internamento em cuidados intensivos ou óbito devido à Ómicron.
Este estudo teve como objetivo analisar a redução do tempo de internamento, do risco de hospitalização e de morte numa população com uma taxa de vacinação muito elevada, como acontece em Portugal. A investigação incluiu 15.978 participantes com 16 ou mais anos.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL