A Câmara de Castro Marim apelou hoje para que cessem as visitas familiares a núcleos populacionais da zona serrana do concelho, advertindo que uma propagação da pandemia de Covid-19 a uma população maioritariamente idosa poderia “dizimar” esses aglomerados.
Questionada pela agência Lusa sobre a resposta que está a ser dada pela população do concelho face à reclusão domiciliária imposta pelo estado de emergência, a autarquia fez uma distinção entre “duas realidades”, a do litoral, onde são geralmente cumpridas as restrições, e a de aldeias e montes isolados da serra, onde está a população das faixas etárias de maior risco e que deve ser protegida da doença.
A autarquia deixou um apelo a quem tem familiares na serra, porque “aí residem as pessoas mais vulneráveis, não dependendo apenas delas o isolamento, mas sobretudo da consciência dos familiares, que não os deverão visitar”, recordando que tem no terreno iniciativas como o programa Castro Marim + Solidário, com voluntários preparados e equipados para transportar bens de primeira necessidade às pessoas das zonas isoladas.
“O vírus não chega ao interior, principal espaço onde interagem as pessoas mais vulneráveis, se não formos nós a fazê-lo chegar lá. Será fácil fazer disparar o número de vítimas caso não haja um cerco assumido a estes aglomerados, que podem ficar literalmente dizimados” caso a doença atinja a sua população, advertiu a Câmara do distrito de Faro.
No litoral e na vila sede de concelho, o município está a verificar que “tanto os estabelecimentos como a população em geral têm cumprido” as normas que determinam a reclusão em casa, salvo para abastecimento de bens de primeira necessidade, trabalhar ou dar assistência a familiares.
Quanto à economia, a Câmara algarvia reconheceu que “preocupa atrozmente o impacto da pandemia na dinâmica territorial do concelho, dado que, na maioria quase absoluta, depende do setor do turismo”, muito afetado pelas medidas restritivas impostas ao seu funcionamento e ao tráfego aéreo.
“As principais empresas empregadoras manifestaram já a sua preocupação sobre a sustentabilidade económico-financeira das mesmas e a manutenção dos postos de trabalho e estão sob reserva sobre as medidas públicas anunciadas” pelo Governo para apoiar a economia e o turismo, acrescentou a autarquia.
A Câmara de Castro Marim realçou que já não está a cobrar as taxas de ocupação do espaço público, nem outros tributos do género, e advertiu que “a margem de apoio fiscal/municipal é muito curta” para poder apoiar as empresas.
No entanto, está a criar “uma equipa de caracterização do impacto socioeconómico da pandemia na vida das empresas e das famílias”, para “ajustar a política municipal às necessidade das empresas e da comunidade em geral”.