Um estudo levado a cabo por organizações internacionais identificou níveis preocupantes de mercúrio em várias marcas de atum em lata à venda na Europa. A divulgação dos resultados gerou reações junto de várias cadeias de distribuição e acendeu o debate sobre a segurança alimentar deste produto.
Estudo europeu revela níveis elevados de mercúrio no atum
Um relatório publicado em outubro de 2024 pelas organizações não-governamentais Foodwatch e BLOOM revelou a presença de níveis elevados de mercúrio em latas de atum vendidas em cinco países europeus. Ao todo, foram analisadas 148 latas disponíveis em França, Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido.
Limite legal para o atum é mais permissivo do que para outros peixes
A investigação concluiu que todas as amostras continham traços de mercúrio, sendo que 57% ultrapassavam o limite de 0,3 mg/kg, valor mais restritivo utilizado para outros tipos de peixe. No entanto, no caso específico do atum, o regulamento europeu admite concentrações até 1 mg/kg. As ONG’s defendem a uniformização do limite para os 0,3 mg/kg, com base no princípio da precaução e na proteção da saúde pública.
Casos extremos e falta de transparência nas etiquetas
Entre os casos mais extremos, foi detetada uma lata com 3,9 mg/kg de mercúrio, bem acima do teto legal, o que, segundo os promotores do estudo, “representa um risco sanitário grave”. O relatório descreve ainda a falta de transparência no rótulo de algumas marcas, bem como a ausência de menções explícitas sobre a espécie de atum utilizada.
Portugal ficou fora da análise, mas o alerta não passou despercebido
Embora Portugal não tenha feito parte da amostragem, os efeitos da divulgação do estudo também se fizeram sentir no país. A notícia gerou atenção e acendeu o debate sobre a segurança alimentar dos produtos disponíveis no mercado nacional.
Especialistas em saúde defendem consumo moderado e equilibrado
Segundo a Lusíadas Saúde, todos os peixes, especialmente os de maior dimensão, contêm vestígios de mercúrio sob a forma de metilmercúrio, uma substância que pode acumular-se no organismo humano.
Contudo, os níveis habitualmente encontrados em produtos vendidos no mercado português não são, à luz do conhecimento atual, considerados prejudiciais, desde que respeitadas as recomendações de consumo.
ONGs criticam ausência de regras mais rigorosas por parte da União Europeia
A Comissão Europeia tem sido alvo de críticas por manter o limite máximo de 1 mg/kg para o atum, três vezes superior ao estabelecido para outras espécies marinhas. As organizações envolvidas apelam à revisão desta norma, alegando que a atual legislação não garante uma proteção suficiente dos consumidores, sobretudo dos grupos mais vulneráveis.
Portugal entre os maiores consumidores de peixe da União Europeia
A controvérsia surge num contexto em que o consumo de atum enlatado continua elevado entre os portugueses, que figuram entre os maiores consumidores de peixe da União Europeia. A ausência de dados específicos sobre as marcas comercializadas em território nacional levanta para alguns a necessidade de um escrutínio mais rigoroso.
Autoridades portuguesas ainda não se pronunciaram sobre o caso
Até ao momento, as autoridades sanitárias portuguesas não se pronunciaram formalmente sobre este tema, mantendo-se atentas à evolução da discussão a nível europeu. O debate permanece em aberto, enquanto se aguardam eventuais recomendações técnicas por parte da EFSA ou iniciativas legislativas por parte de Bruxelas.