O secretário-geral do PCP criticou a falta de resposta do Governo perante a “degradação das condições de vida” e defendeu a adoção de “medidas de emergência” que ajudem os trabalhadores a enfrentar a “degradação acentuada da situação social”.
Numa intervenção, este domingo, durante um jantar comício em Vila Real de Santo António, no distrito de Faro, o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, considerou necessário fazer um aumento de extraordinário salário mínimo ainda em 2022 para ajudar os portugueses a fazer frente a uma inflação que, em julho, foi de 9,1%.
Portugal está a viver, segundo o dirigente do PCP, uma “deterioração da situação económica” e uma “degradação acentuada da situação social sem que o Governo tome as medidas que se impunham para as travar”, enquanto se assiste a “dificuldades e desigualdades em crescendo” ou a “máximos históricos” nas “margens de lucro dos grandes interesses económicos”.
“É inquestionável que, face ao agravamento da situação económica e social, o país não pode ver adiadas por mais tempo medidas de emergência que há muito deviam estar em execução pelo Governo para combater esta desastrosa evolução da situação nacional”, afirmou o secretário-geral do PCP perante cerca de 350 pessoas.
Para Jerónimo de Sousa, é necessário “travar a especulação e controlar os preços”, além de “repor o poder perdido pelos salários e pelas reformas”, contrariando as “orientações de contenção salarial do Banco Central Europeu e da União Europeia”.
“É tempo de parar com a patranha vendida pelos grandes centros do capitalismo internacional e que o Governo assume e difunde, que acusa a valorização dos salários de alimentar a chamada espiral inflacionista. É preciso assumir o aumento dos salários como uma emergência nacional, desde logo para enfrentar o aumento do custo de vida”, defendeu.
Jerónimo de Sousa contrapôs que a espiral inflacionista se deve ao “forte aumento dos preços dos combustíveis, da energia e dos bens alimentares, entre outros”, que estão a gerar milhões de euros de lucro aos “principais grupos económicos”.
“Mas, se em matéria de combate ao aumento do custo de vida, os salários e as reformas são essenciais, esse combate exige outras urgentes medidas. São uma emergência as medidas de controlo e fixação de preços que o PCP tem defendido e proposto, lá aonde os preços estão claramente a ser empurrados pela estratégia especulativa dos grupos económicos”, disse.
Na sua intervenção, o secretário-geral comunista considerou ainda “inaceitável” que, “perante a espiral de aumentos de preços, o Governo recuse medidas de controlo”, apelando ao executivo socialista liderado por António Costa para “tomar outra atitude face ao aumento escandaloso dos combustíveis”, fixando valores máximos.
“Não pode passar em branco e fechar os olhos a uma realidade já demonstrada. A margem de refinação da Galp disparou de 6,9 para 22 dólares e 30 por barril. Quando é que se põe mão nisto”, questionou o líder do PCP, defendendo também “o controlo dos preços e a tarifa regulada na energia elétrica”, a “reposição da taxa do IVA nos 6% nestes serviços” ou a criação de “um cabaz alimentar essencial”, com “um preço de referência” para cada produto.
Jerónimo de Sousa considerou também que a “tributação dos lucros extraordinários” obtidos com “atividades especulativas” é uma “medida indispensável” para “obter recursos para apoiar e reforçar com medidas de apoio de proteção social e os setores mais atingidos pelo aumento da carestia de vida”, tal como as Nações Unidas “têm vindo a reconhecer”.