O anúncio da retoma do processo de demolições nas ilhas-barreira da ria Formosa, no Algarve, é uma “ameaça latente”, que deve ser combatida pelas comunidades afectadas, considerou hoje o secretário-geral do PCP.
“Este anúncio é uma ameaça latente e mais uma vez o que vai ser determinante não será a acção, a intervenção institucional, designadamente por parte do PCP, mas a luta, o empenhamento, a unidade desta comunidade”, disse Jerónimo de Sousa, defendendo que as populações “não podem descansar em relação aos avanços” do processo.
Segundo take da Agência Lusa, o secretário-geral do PCP falava aos jornalistas durante uma visita à Ilha da Culatra, no concelho de Faro, onde esteve em contacto com a população das ilhas e as associações de proprietários dos núcleos do Farol e dos Hangares, nos quais está prevista a tomada de posse administrativa de meia centena de habitações, no final de Fevereiro.
De acordo com Jerónimo de Sousa, embora nada esteja ainda consumado, “não há tranquilidade neste anúncio”, o que levou o partido a pedir a audição urgente no parlamento do ministro do Ambiente, José Matos Fernandes, entretanto marcada para a próxima terça-feira.
O secretário-geral do PCP acredita que podem existir interesses económicos na origem do processo de demolições, embora não tenham sido apresentados “de uma forma clara”, e aproveitou para apelar à mobilização das populações das ilhas.
“Muitas vezes, os objectivos parecem distantes, mas, no essencial, porque é que se metem com estas comunidades, que mal esta comunidade está a fazer?”, questionou Jerónimo de Sousa.
Aquele responsável frisou ainda acreditar que não existe qualquer “diabolização contra as populações” por parte do actual e do anterior governo.
Alguns proprietários dos núcleos do Farol e dos Hangares, na ilha da Culatra, começaram a receber notificações para a tomada de posse administrativa das suas habitações, na passada segunda-feira.
Ao todo são meia centena de habitações, nos dois núcleos, cuja posse administrativa por parte da Sociedade Polis Ria Formosa está prevista para os dias 22 de Fevereiro e 2 de Março.
No início de Outubro, o ministro do Ambiente disse no parlamento que as demolições estavam em análise “caso a caso”, mas, no mesmo dia, chegavam aos proprietários das construções ameaçadas de demolição notificações de posse administrativa, que nunca se realizou.
Nessa altura, eram 81 as construções sinalizadas para demolição em ambos os núcleos, número que agora baixou para 60.