O PS de Faro acusou esta quarta-feira o presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau (PSD), de “chorar lágrimas de crocodilo” face à “degradação do serviço de emergência médica” na cidade, depois de ter guardado “profundo silêncio” quando o seu partido governava.
“O senhor presidente da Câmara de Faro, que nos últimos quatro anos se manteve em profundo silencio sobre a degradação do serviço de emergência médica no Algarve, esquecendo-se até de dar um ar da sua graça quando o Governo do seu partido encerrou a delegação do INEM [Instituto Nacional de Emergência Médica] em Faro, veio agora chorar lágrimas de crocodilo”, criticou o PS num comunicado.
O Partido Socialista fez estas críticas depois de Rogério Bacalhau ter afirmado, na terça-feira, que o serviço do INEM podia entrar em ruptura por falta de profissionais e exaustão das equipas que estão a fazer horas extraordinárias nas ambulâncias de Faro e Olhão.
A concelhia de Faro do PS considerou, num comunicado, que o presidente da Câmara de Faro “chega tarde para causar boa impressão” e aparece “atrasado e fora de tempo, já depois de o Governo do Partido Socialista ter decidido dotar novamente o Algarve com uma Direcção Regional do INEM”.
O PS observou que a decisão do executivo socialista de voltar a dotar o Algarve de uma estrutura regional do INEM “devolveu a Faro as valências que tinham sido perdidas em 2012”, quando o anterior Governo PSD/CDS-PP centralizou em Lisboa o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), que funcionava na região.
Os socialistas de Faro citaram as declarações do deputado e presidente da federação regional do PS do Algarve, António Eusébio, quando disse que a reposição da direcção regional do INEM em Faro é uma das medidas que o Governo está a adoptar para assegurar “maior proximidade e segurança na resposta às ocorrências”, uma “coordenação mais integrada e adequada” e uma “maior capacitação da região” na área da saúde.
“Os profissionais não vão aguentar muito tempo com este recurso a horas extraordinárias, primeiro porque há limites legais e depois porque o cansaço das pessoas não vai permitir que eles continuem a fazer isto”, afirmou na terça-feira Rogério Bacalhau à Lusa sobre a falta de recurso humanos do INEM na cidade e a possível ruptura dos tripulantes ao serviço por excesso de trabalho.
O autarca fez estas declarações depois de enviar um ofício ao ministro da Saúde, pedindo a resolução urgente da situação, seja por via de autorização do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) para contratar mais profissionais ou com o reforço das equipas através de transferência de profissionais de outros locais do país.
A questão tem vindo a suscitar críticas de deputados do PSD, do Bloco de Esquerda e da CDU eleitos pelo Algarve.
Segundo os deputados sociais-democratas, a equipa do INEM no Algarve tem uma insuficiência de recursos humanos de aproximadamente 40 pessoas.
O INEM tem actualmente em funcionamento 56 ambulâncias de emergência médica no continente, seis das quais na região do Algarve.