Luís Montenegro quer fazer as coisas à moda “do velho PPD” e isso passa, também, por fechar os convites para a sua direção em pleno congresso. As peças do puzzle têm de ser conjugadas e o puzzle poderá ainda não estar todo fechado, mas ao que o Expresso apurou, algumas peças já não deverão mudar de sítio. As listas para os vários órgãos do partido podem ser entregues até às 20h.
Carlos Moedas será mesmo cabeça de lista ao Conselho Nacional, na lista oficial da direção que terá uma votação mais do que maioritária. Tal como o Expresso escreveu na edição de 17 de junho, a escolha de Moedas para este lugar simbólico é um trunfo que Montenegro tem na manga para dar uma prova de unidade, e serve a Carlos Moedas que se tem tornado num nome incontornável no PSD desde que ganhou a câmara da capital a Fernando Medina. Em entrevista recente ao Expresso, Moedas disse que está disponivel para “ajudar o PSD”, mas não em cargos executivos
O autarca de Lisboa está a caminho do Pavilhão Rosa Mota e vai discursar esta tarde, naquele que é talvez o momento mais esperado da longa tarde de discursos do segundo dia de trabalho. A ideia de unidade tem sido sublinhada por Montenegro e, depois de Jorge Moreira da Silva ter recusado o papel, ninguém melhor do que aquele que é apontado como possível sucessor na liderança do PSD para ocupar o cargo mais simbólico e menos executivo de entre os cargos de escolha do líder. O Conselho Nacional é o parlamento do partido e, desta vez, ao contrário do que aconteceu sempre no mandato de Rui Rio, não haverá listas de oposição com força suficiente para fazer moça.
Pedro Duarte, ex-líder da JSD e ex-secretário de Estado da Juventude de Santana Lopes, é apontado como a pessoa escolhida para liderar o Movimento Acreditar – que vai agregar tanto o Conselho de Estratégia Nacional como o gabinete de estudos e o Instituto Sá Carneiro, naquilo que Montenegro tem descrito como uma espécie de Estados Gerais do PSD. Devido ao cargo que tem na Microsoft, Pedro Duarte não poderá assumir nenhuma função executiva no partido, mas, sendo um dos rostos que tem estado ao lado de Montenegro nos últimos anos (escreveu a sua moção estratégica em 2020 e ajudou Miranda Sarmento na moção deste ano), deverá ficar como o responsável pelo organismo de onde vão sair as propostas concretas de um eventual programa eleitoral do PSD. Ao Expresso, o ex-líder da JSD, não confirma o convite como fechado, mas várias fontes colocam-no naquele posto.
Em situação semelhante está Margarida Balseiro Lopes, que tem sido apontada como futura vice-presidente do partido, mas que está atualmente na consultora Delloite e, como tal, não poderá ocupar nenhum cargo executivo por alegada incompatibilidade. Balseiro Lopes excluiu-se da lista de deputados feita por Rui Rio e tornou-se bastante crítica do anterior líder do partido, ao mesmo tempo que foi dos principais rostos na linha da frente de apoio a Montenegro. A falta de mulheres em lugares de topo é, de resto um problema que o núcleo duro do novo líder estará a resolver. Assunção Esteves, anterior presidente da AR no tempo de Passos Coelho, chegou a estar no lançamento da candidatura de Luís Montenegro, na sede do PSD, e poderá voltar a aparecer neste novo ciclo do partido.
Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira, que terá eleições para o ano, foi o mandatário nacional da campanha de Montenegro e vai ser o próximo presidente da Mesa do Congresso (atualmente é vice). Carlos Carreiras chegou a ser apontado para o lugar, mas a escolha parece já estar fechada e torno do madeirense.
Carlos Coelho, ex-eurodeputado que foi diretor de campanha, também estará entre os lugares da frente. Ao que o Expresso apurou, poderá vir a ser o líder da nova Academia de formação de quadros que Luís Montenegro ontem disse que quer vir a constituir. Carlos Coelho, de resto, tem sido o ‘reitor’ da Universidade de Verão do PSD, que vai voltar este ano, e é conhecido entre os sociais-democratas como o ‘formador’.
Além de Joaquim Miranda Sarmento, que vai ser o novo líder parlamentar e, como tal, terá assento na comissão permanente do PSD, o órgão de direção mais restrito terá também Paulo Cunha, líder da distrital de Braga e ex-presidente da câmara de Famalicão que foi um dos principais arquitetos da vitória expressiva de Montenegro nas últimas diretas. Também António Leitão Amaro poderá estar na equipa como vice, e Hugo Soares, como o Expresso escreveu, é certo que será o próximo secretário-geral do partido.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL