Chamou-me à atenção um artigo publicado na revista Saúda, ligada às farmácias, intitulado Revisão da medicação, nele se faz uma proposta de que as pessoas que estão em polimedicação (isto é, que tomam diferentes medicamentos ao longo do dia) correr riscos de terem interações medicamentosas, e não são de excluir efeitos adversos e erros de medicação. E recordam-se dados fornecidos pela Organização Mundial de Saúde que apontam para que quase metade das pessoas com doenças crónicas não segue corretamente as terapêuticas e cerca de 30% das situações de emergência médica se deverem a problemas relacionados com medicamentos – situações que podem ser evitadas.
E foi neste contexto que as farmácias desenvolveram o serviço de Revisão de Medicação. Este serviço, com adiante se verá, não tem afinidades com outro que se está a desenvolver pela Europa fora e que me parece ser fundamental para o futuro da Saúde – a gestão da doença crónica de parceria com o médico, precisamos muito dele, dará uma vida com muito mais qualidade aos doentes crónicos nesta tão atribulada em que não sabemos ainda se a pandemia da covid-19 está em vias de desaparecer.
Segundo o artigo em referência, o serviço consiste em visitas periódicas à farmácia, durante as quais o farmacêutico recolhe a analisa informação sobre a medicação que o doente está a tomar e os problemas de saúde e hábitos de vida que tem, de forma a identificar situações indesejadas relacionadas com a toma dos medicamentos. Com base nos problemas detetados, o farmacêutico define um plano de ação para os resolver ou minimizar. Diz-se explicitamente que este processo é realizado em estreita articulação com os restantes profissionais de saúde que acompanham o doente, este, como é óbvio, está totalmente envolvido na avaliação e nos procedimentos subsequentes.
O processo tem quatro fases. Na primeira, agenda-se a primeira visita, nesse dia o doente leva os medicamentos que está a tomar, a conversa decorre no gabinete de atendimento da farmácia. Na segunda fase, o farmacêutico faz a revisão da medicação, avalia para cada medicamento a sua adequação, o seu efeito e a sua segurança, tudo isto com o objetivo de identificar problemas relacionados com a toma dos medicamentos. Na fase seguinte, é elaborado um Plano de Cuidados, com vista à resolução dos problemas detetados e à otimização da terapêutica, tal plano pode abranger intervenções farmacológicas e não-farmacológicas (dando particular realce à adoção de estilos de vida mais saudáveis) e sempre que se justifique o plano é feito em articulação com o médico. Por último, são programadas visitas periódicas para acompanhamento avaliação dos resultados das intervenções.
Conviria que o leitor se informasse se a sua farmácia aderiu a este serviço, em caso afirmativo tem tudo a ganhar em seguir estas quatro fases do processo, ficará a saber que está a lidar bem com a sua medicação ou que precisa de a retificar, e sentirá satisfação por poder ter uma vida com mais qualidade.