Como em todas as situações que envolvem medicamentos, para tratar a tosse há um conjunto de marcas em comprimido ou xarope. A escolha de uma delas para alívio da tosse coloca alguns problemas, e por vezes delicados. E porquê? A tosse pode ser seca, sem expetoração e irritativa, o que deve levar a escolher medicamentos que impeçam a tosse, ou pode ter-se expetoração, o que obriga a escolha de um outro tipo de medicamentos completamente diferente, para libertar a expetoração e descongestionar o peito.
A escolha errada pode acarretar complicações. Se uma tosse com expetoração for parada, o doente não elimina as secreções, que se acumulam e podem infetar, ocasionando problemas que podem ser muito graves, particularmente em idosos, asmáticos, bronquíticos e acamados. Uma tosse seca e irritativa, se for tratada com expetorantes, não alivia, e torna-se mais frequente, o que acaba por incomodar o doente, pois pode aumentar a irritação da garganta e tornar-se extenuante. Isto para dizer que é necessário escolher um medicamento em função do tipo de tosse.
Mas aqui também se põe um problema de segurança, embora estes medicamentos não sejam muito tóxicos, a escolha correta evita efeitos secundários e acelera a cura. Alguns destes medicamentos atuam por irritação gástrica, pelo que não devem ser usados por doentes com gastrite, úlcera de estômago ou com sensibilidade gástrica. De notar que alguns dos medicamentos que atenuam a tosse provocam sonolência, pelo que não devem ser tomados por pessoas que conduzam ou que utilizem maquinaria de precisão, e estão contraindicados quando se tomam outros medicamentos que dão sonolência.
Um exemplo representativo de que o tratamento da tosse requer aconselhamento profissional é o caso do doente diabético por causa do uso de medicamentos sem açúcar. É importante ter em conta que a tosse nas crianças pode estar associada a asma ou a infeções respiratórias; as crianças com menos de 2 anos com tosse persistente devem ser encaminhadas para consulta médica.
Como se vê, não há duas tosses iguais, apresentamos situações que elucidam bem que é fundamental o aconselhamento farmacêutico. Indo à farmácia para solicitar um medicamento para a tosse, deve ter a preocupação de informar se a sua tosse é seca ou possui expetoração, se está relacionada com alguma infeção das vias respiratórias, se fuma; deve saber que o farmacêutico avalia a tosse quanto à sua duração e à existência ou não de expetoração. No caso de tosse aguda, o farmacêutico procura esclarecer se o doente tem sintomas de constipação ou gripe, de rinite alérgica, se inalou partículas estranhas ou, no caso de tosse crónica, procura saber qual a sua causa, pois o doente pode ser asmático ou ter refluxo gastroesofágico, por exemplo.
O doente deve comunicar abertamente ao seu farmacêutico se existem outras patologias que podem condicionar o tratamento da tosse ou que possa estar na sua origem, como é o caso da insuficiência cardíaca crónica.
O seu farmacêutico informá-lo-á, também, das doses, da duração do tratamento, de possíveis reações adversas, o que fazer no caso de não melhorar, quais as medidas complementares a tomar. O seu farmacêutico dir-lhe-á qual a terapêutica não farmacológica (beber água com abundância, humidificar o ambiente, levantar a cabeceira da cama…), quais os produtos com propriedades calmantes na tosse seca e se a sua tosse se prolongar mais de duas semanas precisa de ser avaliada pelo médico.