Tavira é hoje uma cidade constantemente referida em múltiplos fóruns de divulgação turística.
A beleza natural envolvente, de praias, barrocal e serra, são por demais conhecidas e merecem as mais diversas referências elogiosas. A Ria Formosa e o Rio Gilão conferem-lhe o privilegiado estatuto de cidade lacustre. É porém na paisagem urbana da cidade que residirá porventura a magia do encanto que Tavira transmite aos seus cidadãos e a quem nos visita. E, embora não visível, tal encanto reside também na característica, tão arreigada nos Tavirenses, do orgulho do seu passado histórico e nos seus ilustres antepassados. Cultiva-se a salvaguarda da memória colectiva valorizando as heranças dos nossos antanhos, preservando o património, relembrando as nossas heranças culturais, costumes e vivências. O testemunho de tal acervo passou a ser com permanência explanado nas redes sociais.
Nos tempos dificultosos que atravessamos, a indústria turística representa, na nossa cidade, um dos pilares da nossa sustentabilidade. Assistindo-se, no presente, a um “boom” turístico, com previsões de acentuado acréscimo e diversidade, haverá que dedicar especial atenção à divulgação destas nossas tão valiosas características, captando o interesse e consideração do visitante. Todos nos devemos sentir envoltos numa onda de colaboração. Daí este “escrito”.
No centro histórico de Tavira a diversidade arquitectónica manifesta-se em cada rua, travessa ou praça. Para além do assinalável número de edificações religiosas, dos recuperados vestígios de civilizações antigas e da omnipresença das torres e troços das antigas muralhas, é a multiplicidade de edifícios e correspondentes estilos arquitectónicos, percorrendo séculos da existência da cidade, que a configuram como um museu vivo que silenciosamente descreve a sua vivência social e económica ao longo dos tempos.
A complementar o edificado, surgem elementos enriquecedores que conferem um acréscimo de valia patrimonial e que poderão ser insistentemente referidos e divulgados – as portas de reixa, as portas de postigo (ricas e pobres), as platibandas, os elementos decorativos manuelinos, as janelas e portas renascentistas, etc…
A cidade dispõe de diversa documentação, estudos e publicações, versando a temática patrimonial, estando alguns dos temas já vertidos em folhetos e guias turísticos, de inegável qualidade e de grande riqueza de conteúdos.
Parece-nos, no entanto, que o “material” de divulgação massificada (folhetos informativos), despertador de espontânea curiosidade e de fácil consulta e manuseamento, não está devidamente adaptado ao neo-turista que nos visita, por demasiado extenso e densificado e, nalguns casos, disperso.
Preconizamos assim a edição de um folheto de informação fácil, acessível e com conteúdo motivador de interesse e valorativo das nossas potencialidades, condensando informação da nossa diversidade arquitectónica e dos elementos compositivos e decorativos que se referiram e outros considerados adequados.
E nesse sentido lança-se o desafio aos criativos para que seja elaborado um folheto, simples, mas valorativo dessas nossas potencialidades.
E sendo reconhecido que Tavira é hoje uma referência na preservação do seu património, na qualidade de vida, na segurança e nos cuidados de limpeza, não deixa de constituir nossa permanente preocupação a melhoria da nossa cidade, pelo que aqui se formulam pequenos (mesmo pequenos), apontamentos de oportunidade, neste 24 de Junho, dia da cidade:
1º – O rio é porventura o maior ex-libris da cidade.
Ele não deve ser “escondido” atrás daquela barreira de barracas brancas! Neste Verão já se optou, e muito bem, pela dispersão dessas estruturas. O jardim do Coreto ficou assim mais “espaço público”, local de convivialidade, tornando a cidade mais arejada e amiga do visitante;
2º – Distribuam-se pelas nossas magníficas praças, becos, escadarias e parques, as mostras e “feiras” que se desenrolam durante todo o Verão, animando, em simultâneo, os diversos espaços citadinos. E permitindo que o nosso Gilão possa ser devidamente usufruído. Já foi bom de ver o “aproveitamento” do jardim da Alagoa. Diversifique-se por outras praças;
3º – Atente-se em pormenores diferenciadores da qualidade, que comportam consideração por quem nos visita, mostrando avanço civilizacional. Cita-se a título de exemplo a necessidade de remodelação das terceiro-mundistas instalações sanitárias (Castelo, Jardim de S. Francisco, Mercado Municipal);
4º – Dote-se a cidade, em pontos conspícuos, de fontes, cascatas, ou espelhos de água e recuperem-se os já existentes (é bonito, barato e muito aprazível);
5º – Selecionem-se, na zona histórica, pontos adequados à plantação de arbustos/trepadeiras (características da nossa zona), como por exemplo roseiras trepadeiras, jasmins e buganvílias, como já se encontram algumas dispersas (Calçada da Galeria, Rua António Cabreira, Rua Ten. Couto etc…);
6º – Eliminem-se periodicamente as ervas daninhas que “enfeitam” paredes e telhados de alguns edifícios históricos, muralhas, etc…, conferindo-lhes um ar descurado;
7º – Assumam-se maiores cuidados no tratamento e embelezamento de jardins e espaços públicos, dando especial atenção ao espaço ajardinado do Castelo local mais procurado pelos visitantes e usado pelos noivos que elegem a nossa cidade para se casarem.
8º – Por último, mas devendo ser prioritário, limitar e reduzir ao mínimo indispensável a circulação automóvel/estacionamento na zona nobre – Castelo/Igreja Stª Maria.