Terminamos hoje a série de três artigos em que analisamos a proposta da criação dum Centro Cultural no espaço Quartel da Atalaia (QA).
O QA pela sua capacidade e qualidade arquitectónica tem aptidão para, conservando a memória da sua função militar, ser reconvertido num Centro que acolha no seu interior diferentes campos culturais, convertendo-o num “Cluster de Industrias Culturais e Criativas” albergando espaços museológicos, escola de ensino e formação artística, órgão dinamizador das industrias culturais e criativas, residências artísticas, a par de outras valências que forem consideradas adequadas
1. ESPAÇOS MUSEOLÓGICOS:
A extensa área edificada permite acomodar núcleos museológicos, de que se enumeram os dois mais relevantes:
1.1 – Museu de Arte Contemporânea
Considerando a total inexistência na Região de um espaço onde possa ser mostrada arte visual contemporânea portuguesa a criação de um Museu destinado a esta área, que inventarie as colecções existentes, mantenha um registo de artistas residentes e que desenvolva todas as competências específicas da moderna museologia, apresenta-se como fundamental e prioritária.
Complementando tal vertente afigura-se apropriado que, uma ala do QA, deverá ser dedicada a guardar e a expor o espólio que Bartolomeu dos Santos doou à Cidade, constituído por centenas de gravuras de sua autoria bem como a sua colecção de obras recolhidas ao logo de mais de 50 anos e a sua biblioteca de livros de arte.
1.2 – Museu de História Militar
A Cidade orgulha-se da sua gloriosa tradição como Praça Forte participando desde a reconquista cristã nas mais decisivas lutas pela defesa da independência e integridade do nosso território. O QA, um dos mais notáveis exemplares da arquitectura militar, oferece condições privilegiadas para acolher um polo histórico-militar onde seja assinalada tal vertente e assumida a memória daquela Unidade Militar e dos feitos dos antepassados tavirenses, perpetuando a ligação de Tavira à vivência militar.
2. ESCOLA DE FORMAÇÃO ARTÍSTICA
A instalação de uma escola de ensino e formação artística orientada para os jovens saídos do Secundário, é uma componente essencial ao projecto, constituindo uma das mais importantes valências do Centro Cultural. A articulação com a Universidade do Algarve apresenta-se fundamental e de interesse manifesto para ambas as instituições.
3. AGÊNCIA para DESENVOLVIMENTO DE ICC
Este projecto encontra-se ancorado na ideia base definida no documento RIS3 – Estratégia Regional de Investigação e Inovação para a Especialização Inteligente, que, na visão sobre o futuro da região, recomenda: “transformar o Algarve em 2020 numa região dinâmica, inclusiva, sustentável e atractiva para pessoas, talentos e actividades …. apostando… nas INDÚSTRIAS CULTURAIS E CRIATIVAS…”.
É neste contexto que preconizamos seja estruturado, com uma ligação directa e permanente à Universidade, sediado onde mais conveniente, um órgão que funcione como plataforma de conhecimento, informação, promoção e coordenação das ICC’s.
4. OUTRAS VALÊNCIAS
A dimensão das instalações permitirá que sejam dedicados espaços a outras temáticas e a outras valências, inclusive instalação de serviços. Fazemos notar a necessidade de dar centralidade ao Centro de Ciência Viva e de permitir “alojar” o Arquivo Municipal em instalações com as características físicas e ambientais que são exigíveis. Como espaço público, deverá o Centro Cultural dispor de auditórios, ateliês, áreas dedicadas ao ensino das artes (teatro, dança), biblioteca, arquivos e ainda de locais de convívio e de tertúlia, como café, restaurante e lojas específicas a concessionar.
NOTA FINAL
Esta série de artigos pretendeu ser “uma primeira pedra” e o veículo duma divulgação preliminar deste ambicioso projecto. Os aspectos financeiros, nomeadamente candidaturas a fundos/programas, não são aqui referidos no entendimento de que tais questões só deverão merecer tratamento após a manifestação do fundamental e imprescindível empenho real e envolvimento da autarquia.
Repetimos a ideia inicialmente expressa: “o desígnio interesse da região seja motivação suficiente para o abraçar autárquico desta causa, a qual, uma vez realizada, constituirá um polo dinamizador do desenvolvimento de Tavira e de toda a região, configurando-se como um gerador de emprego e promotor de nova vitalidade e de prosperidade para a nossa cidade, que assim se verá projectada como a cidade dos museus, a cidade da cultura”.